segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

XXI

Olham um para o outro e levantam-se. Chegam à porta, um de cada lado. Johanna empurra-a delicadamente, esta mexe. Martinho faz-lhe sinal que não está a ver ninguém. Johanna empurra mais a porta até que esta fica toda aberta. Olham e, embora não haja muita luz, não há ninguém à vista. Saem da sala para um corredor longo e pouco iluminado. Ao fundo uma luz, por cima de uma porta, indica a única saída. Percorrem o corredor cautelosamente. Não há nada que possam usar como arma à vista, o que os faz sentir de certo modo “despidos“. Chegam à porta. Esta dá para uma escada que sobe. Olham para cima e não se distingue o fim da escada, está demasiado escuro. Voltam a olhar um para o outro e começam a subir. Quando chegam ao topo da escada deparam-se com um pequeno patamar com uma porta fechada ao fundo. A única luz vem da ombreira da porta que está debruada a vermelho. Assim que entram no patamar um feixe de luz azul percorre todo o espaço e ouve-se um som vindo da porta. A luz que debrua a porta passa a verde. Aparentemente estará destrancada. Martinho empurra-a ligeiramente com o pé para confirmar e ela mexe. Com um gesto decidido, Johanna empurra a porta, deixando-a escancarada. Entram ambos numa sala grande. Johanna sente algo de familiar naquele espaço pouco iluminado.

- Esta sala parece-se com as salas da casa do Pedro. Com esta luz ao nível do chão.
- E isso é bom ou é mau?
- Pois não sei…

Olham em volta, a sala aparenta estar vazia mas o centro está demasiado escuro para ter a certeza.


- Johanna McGill…
- Quem falou?
- Calma Martinho…
- Eu conheço esta voz! É…

Martinho não termina a frase porque um punhal o atinge mesmo na traqueia, fazendo-o cair de joelhos agarrado à garganta. Cai depois para o seu lado esquerdo e fica deitado de costas. Johanna ajoelha-se a seu lado apenas a tempo de ver o seu último olhar, um misto de despedida e súplica de vingança. Johanna retira o punhal com a mão direita e levanta-se. Nesse instante, o centro da sala ilumina-se, mostrando um cadeirão de couro castanho-escuro. Nele sentado está um homem todo vestido de negro (fato, camisa, gravata, meias e sapatos). Johanna olha-o tentando resistir à tentação de lhe devolver o punhal da mesma forma que ele o “oferecera” a Martinho. Por instantes ficam imóveis fitando-se.

- Quem é, como me conhece e o que pretende de mim?
- Calma minha querida… tudo a seu tempo. Parece que a lição de cumprir horários não surtiu grande efeito. Continuas impaciente.
- … impaciente… eu mostro-lhe impaciente!!

Johanna inicia o movimento na direcção do homem que permanece imóvel. Quando Johanna está a dois passos do cadeirão ele levanta-se e num movimento fluido envolve o braço em que Johanna tem o punhal retirando-lho e, ao mesmo tempo, projectando-a para o cadeirão, onde Johanna fica sentada. Fitam-se novamente.


- Vityaz! Ela é minha!
- Katerina… não devias estar aqui…
- Achavas que conseguias que não soubesse o que andavas a fazer, Yuri?
- Esperava tê-lo conseguido mas aparentemente… Katerina… já te disse que não a podes matar!
- Porque não?
- Porque ela é tua irmã!
- O quê?! O que é que estás a inventar?
- Não estou a inventar nada… vocês são irmãs!


Katerina entrara na sala por uma porta do lado oposto ao que Johanna e Matinho o tinham feito. Caminhava na direcção do cadeirão. Johanna apenas a ouvia mas não arriscar mexer-se. Yuri ia olhando alternadamente para cada uma. Do punhal, na sua mão esquerda, ainda pingava sangue de Martinho. A sua expressão facial e corporal estava muito mais tensa do que anteriormente, quando apenas tinha Johanna com que se preocupar. Johanna permanece na expectativa, ouvindo os passos de Katerina enquanto esta se aproxima do cadeirão do lado oposto ao que Yuri se encontra. Olha para Yuri em frente à sua esquerda. Este devolve-lhe o olhar, acrescentando um gesto discreto, com a mão direita, como que tentando tranquilizá-la. Katerina pára três ou quatro passos atrás do cadeirão. Olha para Yuri.

-Explica-me lá essa história de sermos irmãs…


(continua)


FATifer

19 comentários:

  1. Caracoles, que isto está caté dá gosto
    :))

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    1. noname,

      Ainda bem que continuas a gostar… está em crescendo! ;)

      Beijinhos,
      FATifer
      PS – já te disse que adoro essas tuas expressões (“carocoles”, muito bom!) :)

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  2. E quem será a próxima vitima?!

    (desta vez as boxers eram coloridas, não?)

    :)

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    1. BM,

      Uma excelente pergunta para a qual ainda nem eu tenho resposta! :P

      (desta vez não quis “roubar” ao Sr. Gil o prazer de imaginar o que entendesse!)

      :)

      Beijinho,
      FATifer

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  3. Brutal este conto.....já estou á espera do próximo...:)

    abraço

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    1. Desire,

      Confesso que acho que está a correr bem. Pelo menos estou a gostar de o escrever e vocês de ler ;)

      O próximo ainda está em fase de maturação mental :)

      Abraço,
      FATifer

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  4. mmmmm

    Manas....

    ...I find your willingness to keep me hanging disturbing...

    (vá, isto é tipo trivia... Qual a referência cinematografica do meu comentário? Hã?)

    :)

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    1. Meu amigo, (ou deveria dizer Lord Vader)

      Como já disse… é o que vai saindo… :P

      Help me obi-wan-kenobi you’re my only help! :P

      (tá respondido ou queres mais?)

      May the force be with you, always!
      FATifer

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  5. Mmmmmm

    I see you are strong with the force...

    Looooooooool

    :)

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    1. Strong with the force am I :)

      But that is only right from a certain point of view! ;)

      R2-D2 it is you, it is you!

      Abraço,
      FATifer

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  6. Por este andar, com tanta mortandade só para o lado dos "bons", vai acabar ficando a Joana sozinha a lutar contra os "maus"...?

    Beijinhos e bons augúrios, FAT! :)

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    1. Janita,

      O mundo não é a preto e branco… “bons” e “maus” dependem muito do referencial…

      (volto a lembrar que avisei que este conto iria ser diferente, por que me apetece)

      Vamos lá ver o que vem a seguir ;)

      Beijinhos,
      FATifer

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    2. Pois...eu já estou por tudo!!

      Depois do filme que foste ver ontem, deves ter vindo cheio de ideias...:))

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    3. Pois ideias não me faltam… falta-me é escrever…

      Beijinhos,
      FATifer

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  7. Janita,

    Ele ressuscita um agente secreto desaparafusado de um conto conjunto de há muitos anos atrás, e esse gaijo aparece e resolve esto tudo só com um assopro!

    (lembraste FAT? LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL)

    :)

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    1. C. Gil

      Queres dizer com isso de "conto conjunto" que foi da autoria de vocês, ambos os dois? Lol
      Deve ter sido coisa poucochinho louca, deve...

      :)

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    2. Meu caro,

      Parece que a força não está assim tão forte comigo (ou será a memória?) mas não estou a ver… :(

      Abraço,
      FATifer

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  8. FAT,

    Não te lembras dos bloguisódeos...

    ...era conjunto mas de uma data de gente!

    Não fazias parte do rol?

    http://bloguisodeos.blogspot.pt/

    Olha, pois, que se calhar não fazias...
    ...mas devias ter feito!

    Esquece este meu devaneio de uma mente já semi-senil!

    LOL

    :)

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    1. Caro amigo,

      Tenho uma vaga ideia de ter lido essa história mas, na verdade não fazia parte do grupo…

      Esta minha história está num impasse… quer porque estou indeciso entre várias ideias, quer porque esta semana estou com a “agenda social” invulgarmente preenchida… :P

      Grande abraço,
      FATifer
      PS – semi-quê? … os medicamentos para as dores estão a fazer-te mal! Estão, estão… :P

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