segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

XII

Johanna começou por procurar nos menus do programa de imagem por alguma indicação de alguma pasta onde pudessem estar vídeos mas não encontrou. Minimizou o programa e olho o ecrã em busca de algo que pudesse parecer relacionado. “Para quê usar uma câmara sem guardar as imagens?”, perguntava-se enquanto procurava pelo ecrã. Uma pasta parece piscar. Entra na pasta. Vídeos. O contentamento de parecer ter encontrado o que procurava deixa para segundo plano a estranheza de ter parecido ser encaminhada a tal. Verifica as datas o último tem a data do dia anterior. Abre o ficheiro. Começa por ver imagens do interior de um automóvel. Olha as imagens que vão passando. O vídeo parece não ser em tempo real, mais parecendo um conjunto de imagens espaçadas no tempo, como se fosse uma câmara de vigilância. Começa a reconhecer pontos do caminho para o armazém. De repente a imagem abana violentamente e o vídeo passa a ser em tempo real. O carro parece ter recebido uma violenta pancada por trás e depois está a sofrer pancadas de ambos os lados por parte de dois SUVs enormes. Vê um braço e uma mão tirar uma uzi de um saco no banco do passageiro. Uma rajada a ser disparada na direcção do condutor do SUV à direita do carro. A uzi muda de mão e o alvo passa ser o SUV à direita. Duas rajadas mais para baixo deverão ter inutilizado os pneus pois o segundo SUV também desaparece. O carro acelera e o vídeo volta a ser em modo vigilância. De repente ouve-se um som de outro motor. Uma moto de alta cilindrada aparece à frente do carro e o pendura dispara na direcção do carro. A uzi volta à acção, primeiro para retirar os restos do para-brisas depois para devolver fogo. Vê-se a sobra da moto a desaparecer na valeta tudo fica escuro sem os faróis. Vê-se uma mão a retirar do saco o que parecem ser óculos de visão nocturna. O vídeo volta a modo vigilância mas pouco se vê, pois quase não há iluminação na estrada. O resto do caminho até ao armazém é feito sem mais “interrupções”. Finalmente o carro pára. Mal se distingue o que parece ser o armazém que Johanna demora a reconhecer, por aparecer da perspetiva oposta à que ela teve.



- Detective Martinho?
- Sim Vieira?
- Quando movemos o corpo encontrámos algo que pode ser relevante.
- O quê Vieira?
- Uns óculos de visão nocturna.
- Ouviu isto Tenente? Está explicado como conseguiu chegar até a aqui sem faróis.
- Cheio de recursos este homem, sem dúvida.
- Obrigado Vieira.
- De nada Detective. Vamos metê-lo no saco.
- ok, já passo por aí para ver os óculos.


Martinho e Martins encaminham-se de volta ao interior do armazém.


Johanna sente a respiração alterada. Embora escura, a imagem permite perceber que tendo dado poucos passos depois de ter saído do carro Pedro foi atingido de raspão no braço esquerdo por algo que não se vê. Apenas se ouve algo a passar e depois a mão direita de Pedro ensanguentada após ter tocado no braço esquerdo. Vê-se uma porta do armazém que Pedro força para entrar. Dentro do armazém está ainda mais escuro. Pouco se vê e quase nada se ouve. Pedro começa a explorar o rés-do-chão, cuidadosamente. Quando chega às escadas hesita. Sobe cautelosamente. O primeiro andar parece ainda mais escuro. Vai avançando não se ouve nada a não se a sua respiração e os seu passos. De repente ouve-se o som que se ouvira na rua mas agora multiplicado. Pedro cai de joelhos e começa a disparar as metralhadoras que lhe aparecem nas mãos. Despeja os clips, disparando em todas as direcções. Os clarões dos disparos param. A respiração é quase ofegante. De repente um abanão, parece um golpe violento no peito. Vê-se o que parece uma lança. Empunhando-a um vulto negro. Ouve-se o grito de dor de Pedro enquanto a lança parece ser empurrada ainda mais para o interior do seu peito. O vulto retira a lança e desaparece. Pedro cai. Retira a pistola e dispara dois tiros na direcção em que se vira o vulto. Larga a arma. Com visível dificuldade retira um papel e uma caneta e começa a escrever. Johanna reconhece o bilhete que está agora na secretária à sua frente. Vê a mão esquerda colocá-lo no bolso direito do colete onde o tinha encontrado. Vê depois a mensagem que recebera a ser escrita. Recorda o telefonema vendo-o agora de outra perspetiva. Não consegue evitar as lágrimas quando vê o telemóvel a cair ouvindo a sua voz a chamar por Pedro. O vídeo acaba.


(continua)


FATifer

10 comentários:

  1. E a saga continua, e a curiosidade cresce

    :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. noname,

      Acredita que chego a chatear-me comigo próprio de tão misterioso que estou a ser mas é o que vai saindo… mais cedo ou mais tarde tenho de puxar o novelo ;)

      Beijinho e boa semana,
      FATifer

      Eliminar
  2. Pá , atão um gajo tá uns dias ausente e é isto? Já vais por aí a fora?

    Agora tenho isto tudo para ler, páh!

    (o que não vais ser um sacrificio portanto...)

    Abraço :D

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu amigo,

      Já tive “reclamações” por ter escrito pouco :P

      (pois espero que não seja um grande sacrifício, vê lá!)

      Fico à espera da tua opinião ;)

      Grande abraço e as melhoras,
      FATifer

      Eliminar
  3. Lido e relido o décimo segundo capítulo, penso que isto está a ficar muito intrigante, FAT. Intrigante, misterioso e de difícil prognóstico!
    Só de pensar que podes levar mais uma semana sem escrever, sinto um certo desalento.
    Saber esperar, é uma virtude que ainda não consegui interiorizar...( mas me estou a esforçar para aprender)

    Aguardo novidades.:)

    Beijinhos um bocado ofegantes!!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Janita,

      Tentarei publicar com maior brevidade mas não está fácil manter a coerência da história. Estou neste momento a reler tudo o que escrevi para reavivar na memória tudo o que me falta pegar para que tudo isto faça sentido. É divertido escrever ao sabor do momento mas sei que quem em lê está atento… se enquanto leitor sou exigente tenho de estar à altura da mesma exigência por parte de quem me lê! ;)

      Beijinhos,
      FATifer

      Eliminar
    2. Não stresses, FAT. Escreve como melhor te aprouver.
      Eu apenas disse isso porque quando me embrenho na leitura de algo que gosto, a vontade é continuar até ao fim. Claro, que sei diferenciar esta leitura em 'fascículos', da leitura de um livro.
      Talvez, por isso, gosto pouco dos livros digitais. Prefiro sentir, nas minhas mãos, o calor do livro e o prazer do virar das folhas.

      Largos dias tem cem anos e esta história ainda agora começou.
      Não quero parecer-te exigente, longe de mim tal coisa. :)

      Tem uma noite tranquila.
      Beijinhos

      Eliminar
    3. Não há qualquer stress, afinal este é o meu espaço e aqui sou eu que dito as regras ;)
      Dito isto, consigo colocar-me desse lado. Tendo despertado a curiosidade, compreendo a “frustração“ de não ter mais para ler… mas, como já reiteradamente afirmei, até eu estou curioso para ver o que vou inventar ;)
      É bom ter a “pressão” da expectativa de quem lê… se assim não fosse talvez esta história nunca fosse escrita!

      Beijinhos,
      FATifer

      Eliminar
  4. Porra pá! paras nos sitios mais inconvenientes! Pareces um gajo que eu conheço...

    :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu caro amigo,

      Não vou dizer que aprendi com os mestres mas confesso que estou um pouco “sádico” nesta história, no que ao suspense diz respeito! ;)

      Grande abraço,
      FATifer

      Eliminar

É favor comentar se acha que tem algo a acrescentar…
Aviso apenas que me reservo o direito de eliminar qualquer comentário que entenda, porque sim!