Um raio de luar
ilumina o gume da lâmina manchada de vermelho que segura paralela à perna. Um
pingo de sangue cai da ponta para a poça vermelha no chão. Olha o corpo
esquartejado à sua frente, a expressão de horror misturado com dor extrema que
retém a sua última vítima parece não ter qualquer efeito nele…
Num movimento
rápido sacode do sabre japonês o resto de sangue que ficara na lâmina e
embainha-o. Volta-se e desaparece nas sombras.
- Mais um?
- Sim Katerina,
mais um.
- Quando é que o
apanhamos?
- Não sei…
- … E o corpo?
- Desta vez nem
o “tratou” mas nós “limpámos” antes de ser encontrado.
- Yuri… não pode
ser… como é que este homem continua a iludir-nos?
- Como sabes não
é um homem qualquer…
- Ainda assim é
um homem não é?
- Alguns diriam
que não…
Johanna está
sentada no sofá com kitty no colo a receber festas. Tem um ar pensativo e um
olhar distante. Enquanto afaga o dorso felpudo de kitty, está perdida em memórias.
A circunstância de ter perdido a possibilidade de investigar o caso da morte de
Pedro fá-la recordar:
Era o primeiro dia de trabalho com Pedro. O primeiro
caso. Chegara cedo mas Pedro já não estava. Tinha um recado dele na sua secretária:
“Vem ter comigo, estou na morada abaixo e traz café”. Dirigira-se para a morada
indicada. Encontra Pedro a olhar para o corpo esquartejado de um homem. Faz um
esforço para tentar esconder a repulsa que lhe causa a cena, enquanto entrega a
Pedro o café que ele tina pedido.
- Bom dia. Obrigado pelo café.
- Bom dia… o que temos aqui?
- Bem, se não sabes o que é acho que não escolhi bem a
parceira…
- …
- Não faças essa cara estava a brincar a ver se te
descontraias um pouco. Ter de encarar logo de manhã um tipo todo estraçalhado
não e propriamente o melhor que poderias pedir no primeiro dia, certo?
- O que é aquilo na costela?
- Ah! Afinal escolhi bem a parceira! Bem observado!
Aquilo Johanna, é o o Kanji (ou carácter japonês) para morte. Parece ter sido cravado
na costela a sangue frio, o que poderá explicar as feições da vítima.
- Estás a dizer-me que alguém fez aquilo quando ele ainda
estava vivo?
- Penso que sim mas o Dr. Fernandes dirá se tenho ou não
razão.
Recorda depois as palavras do Dr. Fernandes:
“Imaginemos que a vítima era uma obra de arte, a marca
seria a assinatura. Sim foi feita com a vítima ainda viva. Tenho de afirmar que
quem fez isto é um artista com uma lâmina!”
Recorda tudo
isto pois este caso também lhes tinha sido “roubado” da mesma forma. Tornado “CONFIDENCIAL”.
Recorda o desapontamento de Pedro na altura e a sensação com que ficara que ele
não tinha desistido de o investigar. Deveria tentar fazer o mesmo com o caso da
sua morte? Estava assim absorta nestes pensamentos quando a campainha toca. Assusta-se
e kitty salta do seu colo. Levanta-se e vai até à porta. No visor do
intercomunicador vê Martinho.
- Martinho o que
foi?
- Johanna…
desculpa vir sem avisar mas queria falar contigo…
- Ok… sobe.
Carrega no botão
que faz disparar o trinco e volta para trás à procura de kitty. Vê-a de volta
ao sofá e faz-lhe uma festa na cabeça. Ouve bater à porta. Muda o visor do intercomunicador
para a vista do patamar confirmado que se trata de Martinho e abra a porta.
- O que é isto?
(Martinho aponta
para um envelope colado na porta do apartamento de Johanna)
- Não sei
Martinho…
- Este envelope já
estava aqui quando cheguei ao patamar.
- Pois não fui
eu que a pus aí, nem estava aí quando entrei.
- Queres que o
traga para dentro?
- Hum… espera…
vou buscar umas luvas.
- Sempre a
Detective, se calhar é apenas uma carta de um admirador.
- Tu vês muitos
filmes românticos…
- … e tu não vês
nenhuns!
Johanna volta
com um para de luvas de latex nas mãos e retira o envelope da porta. Depois faz
sinal a Martinho para entrarem. Kitty salta do sofá e fita Martinho com um ar
desconfiado.
- … deve estar a
sentir o cheiro a cão…
- Talvez… ou
então está apenas a recriminar-te teres interrompido a sessão de festas que
estava a ser alvo.
- Desculpa
kitty!
Joahanna sorri e
senta-se à mesa da sala, começado a examinar o envelope que tem nas mãos.
Martinho retira o casaco e pendura-o no bengaleiro, ao pé da porta, encaminhando-se
de seguida para ao pé dela.
- Senta-te
Martinho.
- Posso?
- Claro que sim.
- … não vejo
nada de especial. Nenhuma marca… nenhum odor…
- Não vais
abrir?
- Pois… será que
devo?
- Estava colado
na tua porta, deve ser para ti!
- Dedução brilhante,
devias tornar-te detective!
- Ah, ah, ah … achas
mesmo?
(continua)
FATifer
Gostei do humor, num caso tão intrincadamente macabro
ResponderEliminarVenha o próximo
Boa noite FAT
noname,
EliminarHá sempre espaço para o humor ;)
O próximo está quase a sair! :)
Beijinho,
FATifer
Atéquinfim!
ResponderEliminarJá tava a ter ataques de ansiedade por não saber quando saia o capítulo a seguir.
Continua que tá bom!
:)
Meu caro amigo,
EliminarComo não quero vossa excelência a padecer de tais ataques, o próximo capítulo segue dentro de momentos! ;)
Grande abraço,
FATifer
Esse sinal japonês para morte não me estranho!!
ResponderEliminarComeço a desconfiar que sei quem é o autor das mortes! :)
Como vejo já outro episódio, somo e sigo!
Até já FAT!
Beijinhos
Janita,
EliminarSe desconfias… veremos se estás certa… ;)
Beijinhos,
FATifer