Duas horas e
meia depois do telefonema de Johanna, já com o sol a querer nascer, Martinho
chega ao armazém com os reforços. Olha aquele edifício no meio do nada e
pergunta-se porque é que Johanna o fizera vir até aqui? Metade da equipa
táctica começa a estabelecer um perímetro de segurança enquanto os restantes
elementos se separam em equipas de dois elementos e iniciam a busca dentro do
edifício. Os elementos da equipa forense vão preparando a material pois, se
foram chamados, alguma coisa haverá para fazer em breve. Martinho olha o telemóvel,
como esperando que toque.
Johanna chega
finalmente à morada indicada no papel. É um prédio antigo quase sem janelas.
Dirige-se à porta de entrada que é reentrada. A porta não tem fechadura.
Recorda-se das instruções no papel. Vira-se para o lado esquerdo coloca os dois
pés lado a lado no seguimento da ombreira da porta e vê aparecer um painel
numérico na parede à sua frente. Digita o código que consulta nas instruções e
ouve a porta abrir. Assim que se move o painel volta a desaparecer, como que
engolido pela parede. Dirige-se para a porta e entra. A porta fecha-se atrás
dela. Observa o hall onde entrou. Está na penumbra, a pouca luz que existe vem
dos contornos do tecto. Segue em frente, em direcção à única porta da divisão,
à excepção daquela por onde entrou. Ao chegar perto a porta abre-se, deslizando
para dentro da parede do lado esquerdo. Hesita por instantes mas decide entrar.
Está no vértice de um corredor em “L”. Em frente, a cerca de um metro e meio,
tem um lanço de escadas que sobe. Para a esquerda, sensivelmente à mesma
distância, uma porta semelhante à por onde tinha entrado e que também se
fechara atrás dela. Sobe até ao topo das escadas onde encontra outra porta
fechada. Ao posar os dois pés no pequeno patamar vê um feixe de luz azul
“varrê-la”. Do lado direito da porta aparece um painel alfa numérico. Volta a
consultar as instruções para saber que código deve introduzir. A porta, como a
anterior, desliza para a esquerda desaparecendo dentro da parede. Entra numa
sala apenas iluminada pelo feixe de luz que contorna o tecto. A sala está vazia
à exepção de uma secretária e uma cadeira com aspecto de “cadeira de
executivo”. Senta-se na cadeira e aparece um teclado virtual no tampo da
secretária e a parede à sua frente parece “acender-se”, ficando um cursor a
piscar. Volta a consultar as instruções. Apenas diz “o login és tu”. Esboça um
ligeiro sorriso, que não apaga a tristeza das suas feições, enquanto digita o
seu nome. A última linhas das instruções indica “a password é a minha mãe”.
Digita o nome da mãe de Pedro e a parede enche-se de imagens e atalhos para
pastas.
- Perímetro de
segurança garantido.
- Rés-do-chão
revistado e em segurança. Prosseguindo para o primeiro andar.
- Muito bem
Tenente Martins, mantenha-me informado.
…
- Detective acho
que vai querer vir aqui e traga a equipa forense consigo.
- Ok, vamos a
caminho.
Martinho entra no
armazém pela mesma porta que Johanna usara. Com mais luz a vir do exterior era
possível ver o espaço e o estado de abandono do mesmo. Sobem ao primeiro andar.
Contrariamente ao rés-do-chão no primeiro andar os taipais que cobriam as
janelas ainda estavam mais ou menos intactos, ou melhor, estariam não fosse
estarem agora cravejados de buracos de bala. A luz a entrar por essa multitude
de buracos dava à cena do crime um ar ainda mais surreal. Martinho estremeceu
ao se aperceber que era Pedro que jazia ali no meio daquela sala. Pensou em
Johanna e em como se teria sentido ao ver aquela cena. Vê o golpe profundo que
Pedro tem no peito. Olha as metralhadoras a seu lado. A julgar pelos buracos de
bala, os carregadores estarão vazios, pensa. A equipa forense começa a
documentar a cena do crime e Pedro afasta-se, vindo ao encontro do Tenente
Martins.
- Tenente,
alguma coisa a assinalar da busca anteriormente a terem achado o corpo?
- Sim Detective,
nas traseiras do armazém está um Pontiac Trans Am todo “feito num oito”. Um
desperdício!
- Alguma coisa
dentro do carro?
- Numa busca
inicial apenas encontrámos um saco com duas facas, três granadas e uma pistola.
O que leva a suspeitar que o carro seja da vítima.
- Sim vamos ver
se a equipa forense encontra mais alguma coisa.
- Detective, se
me permitir a pergunta, conhecia a vítima?
- Sim Tenente,
era o antigo parceiro da minha colega Johanna McGill.
- Não foi ela
que reportou este incidente?
- Sim…
Martinho fica a
olhar para o vazio… “Johanna onde estás tu?”… e volta a olhar para o telemóvel.
(continua)
FATifer
Isto está divinal, mas... matar o Pedrocas? Não havia necessidade eheheheh
ResponderEliminarNoname,
EliminarCom o teu comentário e o da Janita a seguir até fui ler o texto anterior… será que não ficou claro que o Pedro estava morto quando a Johanna o encontrou? Assumo, que terás deixado para este comentário o demonstrar claro do teu desapontamento com a minha opção… foi a inspiração do momento, e olha que vai-me obrigar a dar muito mais voltas. Mas como já disse esta história não vai ser igual às anteriores (estou com vontade de inovar!).
Beijinhos e bom fim de semana,
FATifer
Mistério e suspense em doses semi-letais, diria eu, FAT!!
ResponderEliminarNão te esqueças que tenho problemas cardíacos.:)
Se o Pontiac estava feito num 8 e o corpo do Pedro se encontra dentro do edifício, quem desfez o carro?
Até tenho receio de aventar hipóteses, o 'Destino' troca-me sempre as voltas!...
O melhor é aguardar.
O que eu gostaria de ter assim uma imaginação fértil, como a tua!
Beijinhos ansiosos!!
PS: O Martinho viu o corpo e a Johana não?
Janita,
EliminarComo dizia à noname, pensei que tivesse ficado claro que o que Johanna viu foi o corpo do Pedro. Eu até ando quase com febre mas parece-me que a narrativa está coerente até agora.
Quanto ao carro, a tua melhor suspeita será que o carro ficou “feito num 8” nos acontecimentos que precederam a chegada ao armazém ou na chegada em si ;)
Tenho consciência que estou a ser um pouco mauzinho na dose de suspense mas como para este conto decidi que os textos teriam aproximadamente 700 palavras… honestamente ontem parei por ali e fui-me deitar… a ver se hoje consigo escrever mais alguma coisa para te aumentar a ansiedade! ;)
Beijinhos e bom fim de semana,
FATifer
És muito mauzinho!! Quer dizer: Andas a ficar febril de tanto pensar nas voltas que hás-de dar a este intrincado caso, e queres que eu fique com febre também?
EliminarPara a próxima vez, quero ler uma história de encantar. Daquelas que eu lia em miúda, às escondidas - bem românticas - escritas pela Corin Tellado!! :))
Relaxa, não te preocupes e vai escrevendo ao teu ritmo.
Beijinhos. Bom fim de semana, sem stress. :)
Infelizmente a questão da febre não era brincadeira minha. Felizmente está a passar.
EliminarA disposição para escrever não é grande neste momento mas podendo até ser estranho dizê-lo estou curioso de ver o que vou inventar ;)
Beijinhos,
FATifer
Espero que não tenhas piorado da febre, FAT.
EliminarHoje, esteve um dia quente e soalheiro, bom para passear e arejar as ideias, depois de ter ido votar...:)
Tem uma boa semana.
Beijinhos!
Não piorei Janita,
EliminarMas não escrevi grande coisa. Está a dar uma certa luta a quantidade de pontas soltas que fui deixando mas eu ei-de dar a volta a todas ;)
Beijinhos e boa semana para ti,
FATifer
PS – pois ontem só saí de casa para ir votar mesmo – felizmente voto mesmo ao cimo da minha rua! ;)
Li tudo desde o inicio e adorei...ou seja estou a adorar...
ResponderEliminarEspero que a febre tenha passado. E que neste dia de sol a moto tenha saído da garagem
Abraço
Desire,
EliminarFico contente que estejas a gostar!
Pois, como dizia à Janita, ontem só saí de casa para votar e foi a pé – as meninas ficaram na garagem…
Abraço e boa semana,
FATifer
Ah bom! Se o Trans Am foi para a sucata, menos mal! Fazer isso a um carro a sério era um crime...
ResponderEliminar:)
Meu caro,
EliminarSó te posso agradecer a gargalhada que me acabaste de proporcionar!
;)
Abraço,
FATifer