Depois do almoço
voltam ao escritório os dois e sentam-se cada um à sua secretária.
- Johanna…
- Sim Martinho…
- O teu “amigo”
matou quatro homens antes de desaparecer, não foi?
- Sim.
- E desapareceu?
- Sim…. e não.
Um mês depois do último crime começaram os telefonemas.
- Pois mas nunca
conseguiste ligar uma coisa à outra.
- Martinho
pareces o Pedro a falar! Mas sim, não temos qualquer prova concreta que quem
fazia os telefonemas fosse o autor dos crimes.
- Não tem
lógica…
- O que é que “não
tem lógica”, Martinho?
- Ele mata quatro
homens, pelo menos três dos quais apenas com os próprios punhos, depois começa
a telefonar-te durante 6 meses e depois desaparece. E agora aparece morto
daquela forma? Não tem lógica…
- Martinho… há
sempre uma lógica… neste caso ainda não percebemos qual é.
- Talvez porque
não tem lógica…
- Sim, é
estranho. Pouco plausível até… mas é o que temos.
Martinho
suspira. Recosta-se na cadeira e olha para o quadro deste caso. Johanna olha-o
com um ar quase maternal e deixa escapar um leve sorriso.
O resto da tarde
decorre lentamente sem novidades.
Johanna está recostada
no sofá. A voz de Billie Holiday
em “I’m a Fool to Want You” enche a sala. Olha para dentro
do copo que tem nas mãos enquanto faz balouçar o líquido com movimentos lentos
mas ritmados. Quando se preparava para beber o último gole do pouco bourbon que
tinha colocado naquele copo, o telemóvel toca. Aquele toque. Larga o copo e
agarra o telemóvel, atendendo a chamada o mais depressa que consegue.
- Pedro?!
- … Johanna…
- Pedro que
tens? O que se passa?
- … Johanna…
ouve… vê a mensagem… as coordenadas GPS… vem aqui ter… lembra-te… bolso
direito…
- Pedro! Que
conversa é essa?
- … Adeus
Johanna… não consegui, desculpa-me…
- Pedro!
Pedro!...
Johanna ouve o
telemóvel do outro lado da chamada a cair e fica a ouvir um respirar cada vez
mais ténue até que só silencio se ouve. Corre para o quarto veste-se apressadamente.
Pega nas chaves do carro e no telemóvel e sai a correr deixando a kitty a olhar
para porta, à espera da sua festa na cabeça. Já no carro programa as
coordenadas GPS da mensagem de Pedro e espera por direcções. Calça as luvas de
cabedal que gosta de usar quando conduz. “Isto é no meio do nada!”, exclama
enquanto a arranca a toda a velocidade. A voz mecânica do GPS vai-lhe dando
instruções que segue, conduzindo “como uma doida”. Por fim chega ao destino, um
armazém abandonado no meio do nada a cento e cinquenta quilómetros dos
arredores da cidade. Sai do carro. Saca da pistola que tinha ao cinto e da
lanterna. Procura uma entrada. Ao longe uma porta entreaberta bate impelida
pela brisa noturna. Dirige-se à porta e entra. A vontade dela é gritar por
Pedro mas consegue conter-se. Avança cautelosamente, inspecionando o espaço. O
armazém parece estar abandonado há muito. Para qualquer lado que aponte a
lanterna só vê lixo e pó. Vai avançando encontra umas escadas. Sobe ao primeiro
andar. A sala que encontra é ampla no centro parece ver uma luz ténue. Aponta a
lanterna para ela e vê Pedro deitado no chão. Corre para ele. Quando o alcança,
sente-o frio. Mesmo assim procura no pescoço um sinal de pulsação. Vê os seus
olhos abertos. A cara sem expressão. As lágrimas começam a dificultar-lhe a
visão. Limpa-as com as costas da mão esquerda e observa-o. O corpo está cheio
de pequenos cortes e no meio do peito está um golpe profundo. Olha em volta. As
paredes estão cravejadas de buracos de bala. Olha-o de novo e lembra-se. Abre o
bolso que ele tem no lado direito do colete e encontra um papel ensanguentado.
Nele escrito, com uma letra irregular, está uma morada seguida de um conjunto
de instruções e uma palavra mais abaixo. Fica a olhar este papel por instantes.
Ainda ajoelhada a seu lado pega no telemóvel e liga.
- Martinho?
- …Hã… Johanna?
- Desculpa ligar
a esta hora. Vou enviar-te as coordenadas GPS de uma localização. Dirige-te
para ela com uma equipa forense e é melhor trazeres uma equipa táctica, pelo
seguro. Vou seguir uma pista depois volto a ligar-te.
Desligou o
telefone sem esperar para ouvir a resposta de Martinho. Foi às mensagens e
reenviou a mensagem de Pedro com as coordenadas GPS daquele local. Voltou a
olhar para Pedro. A vontade era beijá-lo, dizer adeus… mas o espírito de
detective fala mais alto, não deve contaminar mais a cena do crime. Levanta-se.
Olha-o por uma última vez. Uma última lágrima escorre pela face esquerda. A sua
expressão muda. Dirige-se à escada para descer em direcção ao carro. Destino, a
morada escrita naquele papel ensanguentado.
(continua)
FATifer
E eu a pensar que o vingador era mesmo o Pedro, e que no fim o cavalo casava com a moça eheheheh
ResponderEliminarNoname,
EliminarEsta história não vai ser igual às outras… ;)
Beijinhos,
FATifer
O que eu teria gostado se, no final do bilhete, o Pedro tivesse escrito a palavra mágica: "Amo-te".
ResponderEliminarO que é queres? Sou e serei sempre uma romântica incurável...:)
Pobre Johana! :(
Beijinhos pesarosos!!
Janita,
EliminarNão esquecendo o que disse ali em cima à noname, não desesperes. Ainda estamos no começo… mas claro que nada posso prometer nada… afinal, isto está a ser escrito ao sabor da inspiração do momento. ;)
Beijinhos inspirados,
FATifer
E, pelos vistos, a inspiração deu-te para eliminares logo o homem que a detective gostava. Já não se pode confiar em ninguém...:))
EliminarBeijinhos!!
:)
EliminarPois não, já viste?! ;)
Beijinhos traiçoeiros,
FATifer