sábado, 5 de março de 2016

XXIV

Yuri olha Katerina e não responde. Volta a sua atenção para os monitores e fica a observar.

- Petre quantos homens estão no complexo?
- Eramos vinte cinco, menos sete, dezoito. Correcção… menos oito, dezassete.
- Yuri, o que achas, libertamos o Félix?
- Se queres um novo tapete para a lareira, sim.
- Yuri!
- O que foi?… nem sei porque é que perguntas… claramente a tua avaliação do perigo desta situação não coincide com a minha. No entanto, mantenho que, na minha opinião, libertá-lo seria um desperdício de um tigre.
- Sim, parece que não estamos de acordo. Continuo a achar que lhe dás demasiado crédito.
- Talvez porque o conheça há mais tempo e muito melhor que tu.
- Eu não digo!… é apenas um homem…
- Katerina, não são muitos os que, tendo-o visto ao vivo e cores, tenham ficado para contar… eu serei dos poucos.
- …


Johanna chega à porta. Encosta a orelha direita a meio da porta tentando perceber pelo som se será seguro abri-la. Não ouve nada e decide arriscar abri-la. Olha. O corredor com que se depara, estende-se para ambos os lados e parece estar vazio. Espreita melhor, tentando decidir para que lado deve ir. Em frente a parede é de vidro e dá para um jardim iluminado apenas pela luz da lua cheia, que as nuvens, por momentos, permitem que brilhe. Johanna como que hipnotizada pela luz avança e fica a olhar o círculo redondo e brilhante no céu. A lua desaparece novamente por detrás das nuvens e Johanna olha para os ambos os lados. O corredor continua deserto. Olha de novo em frente e parece ver de relance um par de olhos no jardim. Olha melhor e nada vê. Deve ter sido imaginação, pensa para consigo. Começa a caminhar para a direita, objectivo a porta que se encontra ao fundo do corredor para esse lado.


- Yuri, estamos aqui tão entretidos com ele que quase nos esquecíamos dela!
- Esquecíamos ou esqueceste?
- Estás para me contrariar ou quê?
- Ela está ali.
(Yuri aponta para um dos monitores)
- Yuri, meu fiel Yuri… o que me esqueço é que tu estás habituado a controlar tudo…
- Alguém tem de o fazer…
- … não querendo interromper é meu dever avisá-los que já só temos treze  homens.
- Catorze, contando contigo Petre.
- … não menina, quando disse treze já estava a contar comigo. Agora somos doze.
- Onde é que ele está? Quem é que podemos chamar?
- Não há tempo para chamar ninguém, Katerina.
- Ele está a caminho da sala de treino do rés-do-chão.
- Manda todos os homens que nos restam ter com ele Petre! Menos tu claro.
- Sim menina.
- Vais facilitar-lhe o trabalho, Katerina.
- Yuri… então o que sugeres que faça?
- Já te disse o que devias fazer.
- Fugir?! Nunca! Petre os homens não estão armados?
- Sim, têm as AK47.
- Então porque é que não os ouvimos a disparar?!
- A menina está a ver o mesmo que eu, certo? Ele não lhes dá tempo…
- Sim o raio do homem parece um fantasma!
- Lembra-te o que lhe chamava o Pedro Castro… e não era o único.
- Shinigami… deus da morte… um exagero Yuri.
- És uma mulher difícil de convencer.
- Por mais que não o considere digno de me enfrentar, se chegar a isso eu mostro-lhe quem é a morte!
- O teu pai disse algo similar e…
- O meu pai? Estás a dizer-me que foi este homem que matou o meu pai!?
- …
- Yuri? Diz-me que inventaste isto agora para tentar meter-me medo!
- Falei demais… nunca diria isso para te tentar intimidar… sei perfeitamente que tem exactamente o efeito contrário.
- Então é verdade?
- Sim Katerina, foi ele que matou o teu pai… e agora vem nos matar a nós.
- Falas como se fosse uma coisa certa!
- Minha menina… pela última vez, vamos embora enquanto ainda podemos.
- Yuri, com podes sugerir uma coisa dessas? Temos a hipótese de vingar a morte do meu pai e falas em fugir?
- Bogatyr… eu tentei mas ela não me ouve!


(continua)


FATifer

6 comentários:

  1. Ora pois... de novo a coisa fica intrincada
    :))

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    1. noname,

      E eu a pensar que estava a simplificar… ;)

      Beijinho,
      FATifer

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  2. Olá, FAT!!

    Não adiantou muito mas também não complicou...Devagar se chega ao longe!

    Agora AK47 é que tenho de me informar sobre que tipo de armas são...

    Como o Bogatyr só aparece no final e o Yuri se dirige a ele, vou estar atenta a esta nova personagem... Isto se o autor não se lembrar de o eliminar, por intermédio da malévola Katerine. :)

    Beijinhos!
    Bom Domingo :)

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    1. Janita,

      E eu a pensar que tinha feito alguns progressos… ;)

      AK47 é a metralhadora mais usada no mundo vulgarmente denominada “Kalashnikov”.

      Bogatyr não é um novo personagem é a forma como Yuri se referia ao pai de Katerina, como podes verificar no XV.


      Beijinhos e bom Domingo para ti também,
      FATifer

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    2. Ele há coisas...Ando eu a 'falar' nas Kalashnikov lá na transcrição do romance de John le Carré e nem sei que se trata das AK47. Francamente!! :)

      Quanto ao Bogatyr, pensei que fosse outra personagem por se tratar - ou assim me pareceu - um discurso directo do Yuri...

      E por aqui me fico que já nem vejo nada do que escrevo, tal é a soneira.

      :))

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    3. Não sou especialista em metralhadoras mas, como disse, esta é das mais conhecidas :)

      Quanto à frase de Yuri, é discurso indirecto em discurso directo, na medida em que ele se dirige ao (ou evoca o) pai mas para tentar convencer a filha ;)

      Bons sonhos!

      Beijinho,
      FATifer

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