domingo, 13 de março de 2016

XXVII

Katerina está no hall da sua suite. Tem três portas na parede à sua frente e outras duas, uma em cada uma das paredes laterais daquele espaço. Dirige-se à porta mais à direita das que tem em frente. Entra assim numa sala que mais parece um enorme guarda-fatos. Uma quantidade enorme de peças de roupa, sapatos e acessórios estão arrumados mas à vista e totalmente acessíveis. Dirige-se ao fundo da sala, a uma vitrine onde está um fato completo com botas e uma máscara que mais parece um capacete integral. Olha aquele fato e o seu olhar torna-se sombrio. Despe o fato de pele que tem vestido. Abre a vitrine, retira e veste o fato que contemplava.


- Vamos embora daqui?
- vamos…
- Então segue-me!
- ok…

Johanna, segue Yuri. Passam de sala em sala o mais rápido possível, para quem não abdica de algumas cautelas. Chegam a uma porta grande.

- Está fechada?!

Yuri dirige-se a um teclado numérico ao lado da porta e digita uma sequência de números. Nada acontece.

- Não pode ser! Ele não conseguiria… anda vamos!

Yuri pega na mão de Johanna e correm na direccão oposta à porta. Passam por mais uma quantidade de salas até chegarem a uma cozinha. Dirigem-se a uma porta com ar de porta de serviço. Yuri tenta abri-la mas também está fechada. Dirige-se a um elevador de serviço e este também não responde.

- Isto não está a acontecer! Grande…
- Estamos fechados?
- Começo a pensar que sim… estás a ver ali em cima da porta o orifício que permite a abertura de emergência das portas do elevador? Está tapado. Isso não é bom sinal, quer dizer que o complexo está “fechado”.
- Isso não soa bem…
- … pois… em teoria não há saída possível.
- E na prática?
- Estou a pensar…
- Não podemos partir uma janela, por exemplo?
- Não, são todas de vidro à prova de bala. As portas são todas de metal reforçado, mesmo as que parecem ou estão forradas de madeira. Aquele elevador, por exemplo, mesmo que conseguíssemos abrir as portas terá lasers a impedir a passagem.
- Estou a ver… alguém pensou em tudo.
- Pois… anda vamos experimentar outra coisa.

Yuri dirige-se para outra porta diferente da por onde entraram na cozinha e Johanna segue-o. Passam por uma copa. Seguem por um corredor. Depois de mais algumas portas, chegam a uma zona que parece ser um acesso a uma garagem. Yuri tenta abrir a porta, sem sucesso. Pelo vidro na porta vêem-se carros e motos.

- Pensei que esta porta pudesse estar aberta e conseguíssemos chegar à garagem.
- Pois ainda não entendi porque é que não estão todas as portas fechadas?
- Ele não quis fazer isso. Não quer alertar a Katerina.
- Como assim?
- Se colocasse o complexo em “fecho total” ela saberia que ele está controlar a situação por completo. Ele está a contar que ela continue a achar que ele é apenas um mosquito que pode esmagar facilmente. Assim ela será menos cuidadosa.
- Ele… ele quem?
- O meu argumento de há pouco perdeu força, não foi? O melhor é mesmo contar-te, pelo menos alguma coisa.
(Johanna responde com uma expressão facial/corporal de confirmação)
- Ele… digo “ele” porque não sei o seu nome. Acho que ninguém sabe. “Shinigami” é o que muitos usam quando se referem a ele.
(Johanna muda de expressão)
- Viste esse nome nos ficheiros do Pedro Castro, não foi?
- Foi… mas como sabe isso?
- Eu sei muita coisa. Como te dizia… não sei ao certo a sua idade. Sei que ele conhecia o pai de Katerina, e teu também. Sei que ele construiu este complexo. E o mais importante estou convicto que ele veio aqui para nos matar.
- A mim também?
- Pois… isso não sei. Não sei se ele sabe que tu existes, isto é, que és quem és. E sabendo, se sabe que estás aqui. Mas se souber vai querer matar-te também!
- Mas porquê?!
- Pelo simples facto de seres filha de quem és.
- Shinigami?...
- Sim, é a figura da mitologia japonesa análoga à nossa figura da morte.
- Decididamente este dia não está a correr bem…
- É louvável que mantenhas o sentido de humor! Sais à tua mãe…

Yuri sorri e Johanna retribui.


(continua)


FATifer

6 comentários:

  1. Caracoles FAT atão??!!! Se matas tudo lá se vai a história... Abre lá uma portita, o "Ele" não é omnipotente, ou é? :))

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    1. Veremos noname, veremos… ;)

      Uma boa semana para ti.

      Beijinho,
      FATifer

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  2. ...E eu retribuo igualmente o sorriso do Yuri que, neste caso - e em todos - és tu, FAT!! :)

    Muito bom; mas vê lá se consegues tirar o pessoal de dentro desse edifício, antes que fiquem lá todos presos...:)

    Beijinhos, boa semana de muita paz e inspiração!!

    ( se não der também não há problema. Roma e Pavia não se fizeram num dia. )

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    1. Janita,

      O que me pedes é exactamente o contrário do que me está a dar tanto trabalho para tornar verosímil…

      Obrigado, o mesmo para ti – uma óptima semana!

      Beijinhos,
      FATifer

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  3. Vê lá se no meio de tantas portas fechadas não encontras por aí uma parede falsa por onde eles se possam escapulir ;)
    Bolas, estes não merecem morrer! LOL

    Beijinho e uma semana de grandes inspirações :)

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    1. BM,

      Pois, como disse à Janita, não me parece que vás ter o que desejas mas isso é apenas a minha opinião (que por acaso até importante uma vez que sou eu estou a contar a história!) ;)

      Beijinhos e boa semana para ti,
      FATifer

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