Katerina tem a
sensação de ter ouvido algo na outra extremidade do corredor. Hesita por
momentos, antes de se virar. Olha e vê Yuri e Johanna.
- Não pode ser!
- O que foi?
- É a Katerina.
- Como podes ter
a certeza, naquele fato?
- Eu conheço
aquele fato e conheço a Katerina.
- O que fazemos?
- Vamos ter com
ela, nada mais podemos fazer…
Johanna tenta
abrir a porta por onde entraram e não consegue. Tenta o elevador e não obtém
resposta nos comandos. Contrariada junta-se a Yuri que segue na direcção de
Katerina. Percorrem o corredor num passo moderado, sempre olhando para Katerina
debaixo daquele pórtico vermelho. Para espanto de Yuri ela mantém-se imóvel aguardando
que eles a alcancem. Só quando o fazem, retira a máscara do fato e fita-os.
- A que devo a
honra? Pensei que tinhas fugido com medo e para salvar a loirinha.
- Teria sido
assim mas…
- Mas?… não me
digas que ficaste com remorsos de me teres abandonado?
-… sabes que
não, minha menina. Digamos que estamos aqui porque não nos foi dada
alternativa.
- Como assim?
- Ele controla o
complexo. Suspeito que agora estará em “fecho total”. Para além disso fez-nos o
“convite” de vir até aqui e certificou-se que não recusaríamos.
- Então é
verdade que foi ele que contruiu tudo isto?
- Sim Katerina.
- … e tu loirinha
o que me dizes, estás a gostar?
(Johanna olha
para Katerina com um expressão algo desconcertada)
- Sim estou a
adorar a hospitalidade, as vistas, o ambiente… estou ansiosa por conhecer o
visitante mistério que mais parece o anfitrião.
- Ela até tem
piada Yuri. Pode ser que ainda te dê uma hipótese de viver, sempre pensei como
seria ter tido irmãos.
- Pelo que diz
este senhor não vamos ter muito tempo para reuniões familiares.
- O Yuri dá-lhe
demasiado crédito. É apenas um homem.
- Pois mas se
vestiste esse fato… é porque dás algum crédito à minha opinião…
- Se lhe vou
conceder a honra de me enfrentar mas vale ter os trunfos que possa do meu lado.
- Não o
subestimes Katerina, tu nunca enfrentaste ninguém como ele.
- Estás a dizer
que ele é melhor que tu?
- Melhor que eu?
Devias ter visto como matou o teu pai!
- Mas isso foi
há muitos anos atrás.
- Sim… mas… não
o subestimes…
- Chega de
conversas!
Katerina vira-se
para a porta e coloca a máscara. As portas abrem-se. Johanna olha para Yuri que
não parece surpreendido. Depois olha para Katerina que está a olhar fixamente para
as portas abertas à sua frente. Katerina dirige-se para a entrada. Yuri e
depois Johanna seguem-na, esta última relutantemente. A sala está quase
totalmente escura. Dois archotes acesos no topo de duas colunas a uns três
metros das portas fornecem a única luz. Avançam cautelosa mas decididamente. Assim
que passam o comprimento das portas estas fecham-se com estrondo. Só Johanna
olha para trás, Yuri e Katerina olham o espaço em frente na expectativa. Acendem-se
archotes colocados na parede à volta de toda a sala. Johanna pode assim aperceber-se
das dimensões da sala. O espaço é enorme. À frente deles, num plano mais baixo
daquele em que se encontram, está o que parece ser uma pista labiríntica recheada
de obstáculos. Há de tudo um pouco, desde lâminas enormes que balançam como pêndulos
a rolos cobertos de espinhos. Muros que têm de ser escalados e fossos com
líquidos fumegantes. Ao longe no mesmo plano que eles e para além de todos os
obstáculos, vê-se um tatami. No meio deste, sentado numa posição de aparente
meditação, está um vulto todo de negro.
- Isto é a tua
sala de treino?!
- Sim loirinha,
não gostas de desafios?
- Ela está a
brincar? Vamos ultrapassar isto tudo para chegar ao pé de alguém que nos quer
matar?
- Johanna,
desculpa-me… falhei-te…
- Eu não saio
daqui! Se ele me quer matar ele que me venha buscar…
Instantes
despois de Johanna ter acabado de proferir a última frase, as colunas com os
archotes ao pé deles começam a descer, parecendo ser engolidas pelo chão, e as paredes
laterais da parte da sala onde eles estão começam a mover-se, aproximando-se.
- Estavas a
dizer loirinha?
(continua)
FATifer
Gosto da ironia que a Johanna usa nos momentos de confronto verbal com a irmã e até com Yuri.
ResponderEliminarNo último comentário estive para dizer que suspeitava que o vulto que se encontrava de costas era a Katerina, mas receei dizer. Por não ter a certeza, como é óbvio, mas essencialmente para não 'mudar o rumo' dos acontecimentos, involuntariamente.
Isto é para se ler sem dar palpites!!! :)
O que é um tatami, FAT?
Beijinhos, tem uma boa noite. Amanhã há mais?
Janita,
EliminarNa resposta ao teu comentário no capítulo anterior, estive para mencionar que era a Katerina mas como achei que era claro não o fiz.
Podes dar os palpites que quiseres só me influencias se eu quiser :P
:)
“Tatami” pode ser um tipo de soalho das casas japonesas tradicionais mas em termos de artes marciais os locais de treino e luta também têm normalmente tapetes aos quais se dá esse nome. Aqui é mais essa a ideia ;)
Beijinhos e bom fim de semana,
FATifer
PS – Não hoje não haverá mais e com a disposição que estou não sei se escreverei alguma coisa este fim de semana…
Então, só me resta desejar-te um feliz fim de semana.
EliminarE agradecer a explicação dada acerca da minha pergunta. As coisas que tu sabes lá do país do Sol Nascente...:)
Beijinhos.
Obrigado igualmente, um excelente fim de semana para ti!
EliminarQuanto à explicação, de nada. Não sou um especialista mas sei umas coisinhas ;)
Beijinhos,
FATifer
Ora pois... A coisa está a ficar apertada para esses 3
ResponderEliminar:))
Boa noite FAT
noname,
EliminarAssim parece… vamos ver o que vou inventar para acabar com isto… ;)
Beijinho e bom fim de semana,
FATifer
Grrrrrrr!
ResponderEliminar(Sim, é da gripe...)
:)
Meu amigo,
EliminarEntão vê lá se te curas!! :P
:)
Grande abraço,
FATifer
Pois, ainda não foi desta...
ResponderEliminar... e pelos vistos vamos ter de esperar uns dias para ver(ler) o desenlace ;)
Com ou sem disposição para escrever, tem um bom fim de semana :)
Bjs
BM,
EliminarSim estamos a chegar aos finalmentes mas a disposição de fazer seja o que for este fim de semana é muito pouca… terão de ter paciência.
Beijinhos e excelente fim de semana para ti,
FATifer