Johanna estava um
passo à frente do cadeirão. Katerina estava talvez a cinco passos dela. Num
movimento rápido com a mão esquerda retira uma das facas de arremesso do seu
braço direito e envia-a na direcção de Johanna, que mal tem tempo de se
desviar. A faca fica espetada no cadeirão. Katerina preparava-se para retirar
outra faca quando sente uma lâmina junto ao queixo.
- Eu disse que
já chegava minha menina… porque é que só ouves quando falo esta língua?
Johanna permanece
imóvel olhando para Katerina e Yuri. A expressão corporal de ambos demonstra
resolução. Katerina desviara o olhar de Johanna e olhava de lado para Yuri.
- Yuri… o que
estás a fazer?
- A chamar-te à
razão.
- Eu disse para
não te meteres…
- Minha menina…
já chega. A brincadeira acabou. Já te disse que não a podes matar.
- Yuri, Yuri ,
Yuri… estás sempre a falar na promessa que fizeste ao meu pai e agora estás a
ameaçar-me?
- Se prometi ao
teu pai que olhava por ti, também prometi ao meu irmão que a protegeria a ela.
Será que queres mesmo testar qual das promessas cumprirei?
Katerina olha
directamente para Yuri, a expressão inquisidora e penetrante como que tentando intimidar.
O olhar de Yuri mantém-se inalterável e fixo nela. Katerina, baixa os braços e coloca
o punhal à cintura novamente. Yuri embainha o sabre japonês. Quando ambos deixam
de se fitar mutuamente e olham para onde Johanna estava não a vêem. Olham-se incrédulos
e correm em direcção à porta por onde entrara Katerina.
Um vulto negro
salta um muro alto entrando num jardim. Move-se rapidamente atravessando o
espaço aberto em direcção à ponta do edifício à sua frente. Os dobermann a um
canto levantam o focinho mas não ouvindo mais nada voltam à posição de
descanso. Encostado à parede dá dois passos e desaparece como se tivesse
entrado por uma porta que não se vê.
- Como foste
deixar a porta aberta?
- Porque é que
me distraíste?
- Bem não vale a
pena este jogo do empurra temos é de encontra-la!
- Pois que tal
tentarmos a sala de vigilância?
- …e não é para
aí que estamos a ir?
Yuri e Katerina
tinham percorrido o pequeno corredor existente entre a sala de onde saíram e o
grande hall onde agora entravam por uma porta dissimulada a um canto. No centro
do hall estava uma escadaria em mármore. Eles dirigem-se a um porta no lado
oposto ao por onde haviam entrado. Ao entrarem na sala de vigilância deparam-se com
o vigilante de serviço a seguir um vulto todo de negro nos monitores.
- Petre
necessitamos encontrar uma rapariga loura.
- Senhor, com
todo o respeito, a principal ameaça está neste homem. Estava prestes a soar o
alarme. Já matou cinco guardas. Passa por eles como se não estivessem lá!
- … se não te
conhecesse Petre, diria que estás a exagerar.
- Pois antes
estivesse menina.
- Mostra-me lá
isso Petre.
Petre coloca num
monitor a compilação das imagens que tinha guardado até ao momento, já a pensar
no relatório que teria de fazer no fim do turno. Katerina e Yuri observam e por
momentos esquecem Johanna.
Johanna recupera
o folgo encostada a uma parede. Martinho estava errado não estavam no armazém.
Olha em volta tentando perceber se haveria alguma câmara ou dispositivo de
vigilância. Olha para o punhal na sua mão e recorda, a morte de Martinho, as
palavras daquele homem, a luta com aquela mulher. Respira fundo e mexe-se em
direcção à porta oposta àquela por onde entrou naquela sala.
Mais dois
guardas no chão à sua passagem e o vulto de negro prossegue o seu caminho.
Parece saber para onde se dirige, não mostra qualquer hesitação. Os guardas não
conseguiram reagir, os golpes foram rápidos e precisos. Entra na sala seguinte,
não vendo opositores acena para a câmara e prossegue o seu caminho.
- Nunca pensei
que ele tivesse a ousadia de voltar…
- Já matou todos
os outros, vem acabar o trabalho Katerina.
- Como se
atreve! Acha que vai sair daqui vivo?!
- Não será
melhor seguirmos o procedimento de evacuação de emergência?
- Yuri, estás a
falar a sério?!
(continua)
FATifer
E o suspense continua, queres tirar a vez ao Alfred Hitchcock?
ResponderEliminar:))
noname,
EliminarQuem me dera conseguir chegar aos calcanhares desse mestre! Dito isto, já tinha assumido que me estou a esforçar por vos deixar em suspenso a cada texto… :P
:)
Beijinho,
FATifer
FAT
ResponderEliminarcada vez mais interessante...:)
abraço
Desire,
EliminarContinuo a esforçar-me para que assim seja ;)
Abraço,
FATifer
Excelente, FAT!! :)
ResponderEliminarNão só pelo suspense criado à volta da luta entre as duas mulheres e a intervenção de Yuri, a favor de Johanna, mas pela riqueza de pormenores relativamente a toda a sequência da acção.
A continuar assim, podes candidatar-te a substituto de Edgar Allan Poe. :)
Este capítulo encheu-me as medidas!:)
Até me pareceu que o homem de negro seguiu na frente, eliminando os guardas, abrindo caminho para que Johanna pudesse sair ilesa do armazém.
Não digo isto para obter uma resposta tu, FAT. Quando leio um livro, não vou perguntar nada ao autor...mas sou livre de ir fazendo as minhas conjecturas, né ?? :))
Gostei muito, Parabéns... O teu empenho está a ser muito frutífero!!;)
Beijinhos! Cá fico a esperar novos e empolgantes narrativas.
PS- Já pensaste no título para a história?
Janita,
EliminarReafirmo que é muito bom saber que estás a gostar. Entre a tua e a da noname fico com o ego a rebentar com as comparações! ;)
Percebendo que as tuas perguntas são retóricas, acabo por responder para me meter contigo. Acho delicioso que verbalizes (escrevas) o que estás a pensar e as hipóteses que vais colocando ao ler. É interessante ter esse “feedback” e verificar que nem sempre coincide com o que pensei ao escrever. É essa a beleza da escrita, cada um que lê faz a sua história ;)
Beijinhos,
FATifer
PS – ainda não cheguei a nenhum que me satisfizesse… acho que vai acontecer como com aquele conto que te mostrei primeiro, quando terminar o título acabará por surgir naturalmente ;)
:)
EliminarTem uma boa e inspiradora noite, FAT. :)
Beijinhos!
Obrigado! Bons sonhos para ti.
EliminarBeijinhos,
FATifer
Eu acho que o gajo tava a falar a sério mesmo!
ResponderEliminar:)
Tu percebeste mas e ela, será que perceberá? ;)
Eliminar(vamos ter de esperar pelas cenas dos próximos capítulos).
Abraço,
FATifer