O dia acordou farrusco, com nevoeiro, o chão estava
molhado mas a secar. Assim sendo enquanto me dirigia à garagem decidi que não
vestiria as calças de chuva, as capas das botas seriam “protecção” suficiente. Pelo
caminho tudo normal mas nota-se que ainda não se habituaram à chuva senão
talvez não estivesse uma rapariga nova fora do carro enfiado de frente no rail
no acesso à 2ª circular. Sigo e lá vou por entre os carros (sei que não devia
mas para ir na fila não andava de moto). Olho o retrovisor uma moto está a aproximar-se
de mim. Ficou muito perto, deve estar com pressa. Desviei-me e deixei passar.
Olho para o serpentar, vai depressa demais, a mexer-se demais… pode não correr
bem… tinha acabado de o pensar e… bum! Vejo a moto no chão! Impressionante! Um Porsche
Cayenne não o viu e fez menção de mudar de faixa... nem percebi se lhe bateu mas
o que é facto é que foi ao chão… levanta-se com esforço, olha a moto. O
condutor do Porsche Cayenne e de outro carro que também parou, pergunta-lhe se
está bem, expira e franze a cara… Parece que vai correr bem e eu não tenho
tempo para ficar a ver o resto de cena que já estou atrasado. Sigo o meu
caminho lembrando-me que já estive no lugar dele…
terça-feira, 23 de setembro de 2014
sábado, 20 de setembro de 2014
Monólogo de mim… XX
Abri a bolinha de pão e vejo um smile… o pão era mesmo
redondo e caprichosamente havia um risco concêntrico com a borda em metade e uns
pontos perdidos no lado oposto… Recordando este episódio matinal, sobre o qual
só agora me apeteceu escrever, penso no como muito do que vemos é na verdade o
que queremos ver, outra pessoa olhava e veria apenas pão… já escrevi sobre a
diferença entre “olhar” e “ver” mas quantas vezes nos damos ao trabalho de
tomar consciência desta diferença? Quantas vezes não “vemos” algo que afinal
não estava lá?
Ando demasiado pensativo, até para mim… devia desligar
mas continuo a não encontrar o botão de “off” (ou será que não quero encontrar,
por medo ou preguiça?).
Deixo-me vaguear pelas ideias enquanto escrevo, por que
funciono assim “always on” mesmo depois do vinho e do digestivo do almoço…
FATifer
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
Uma questão de focagem…
A bordo do eléctrico 28 podemos ver os riscos dos vidros
ou a paisagem para lá deles, é tudo uma questão de focagem. Na vida é igual ou
nos focamos no que realmente interessa ou passamos o nosso tempo a ver riscos. E
o que é “o que realmente interessa”? Ora essa é a questão essencial! Mas ao
mesmo tempo a para a qual não há uma única resposta, aliás haverá tantas
respostas como pessoas! Eu próprio, ainda vejo demasiados riscos mas já esteve
pior…
FATifer
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Viagens no meu mundo… XXVI
O fim de tarde de ontem foi
diferente. Há muito que não deixava que a vida me surpreendesse mas ontem
deixei a porta entreaberta e a vida aproveitou. Foi bom conhecer alguém novo,
conhecer melhor quem já conhecia. Os olhares trocados, o espanto pela cor dos
meus olhos quando tirei os óculos escuros, a conversa a fluir naturalmente.
Tudo isto me fez muito bem, elas fizeram-me muito bem! E pensar que um instante
antes tinha pensado em ir embora…
O Jardim da Estrela já é um
local especial para mim e ontem só ganhou mais força essa sensação. Domingo
costuma ser um dia de melancolia para mim mas ontem não, ontem deixei que a
vida me trouxesse algo de novo e gostei do que ela me ofereceu! Agora é
continuar descobrir…
FATifer
terça-feira, 29 de julho de 2014
Ontem acabei de ler… XI
Comprei este livro apenas porque o título me pareceu
sugestivo. Foi uma boa surpresa. Não é uma obra literária de profundidade
inigualável mas também não acredito que fosse essa a intenção do autor. Lê-se
bem mas não deixa de fazer pensar. Deixo-vos algumas passagens que tiveram esse
efeito em mim:
“Fiquei a pensar em quantas pessoas fazem o mesmo nas
suas vidas. Deixam que a televisão ocupe o espaço que deveria se do pensamento
e do olhar interior. Tudo pelo medo que têm do silêncio e da solidão. O
silêncio faz-nos pensar na nossa vida e, quando olhamos para o nosso estado de
ser, facilmente entramos numa profunda solidão. É isso que todos tentam
esquecer. Não querem sofrer, só que não percebem que estão a deitar fora tudo
aquilo que são verdadeiramente e a deixarem-se viver numa grade ilusão.”
“Não são precisas razões quando já não existem sonhos!”
“Não ia, nem por nada, deitar fora aquela oportunidade
que me deixava feliz. Estava farto de ser diferente. Ia ser igualzinho a toda a
gente, ter ambição, sede de prestígio, um carro, uma televisão, um microndas, frequentar
o cinema ao fim-de-semana, ter um seguro de vida, torcer por uma equipa de
futebol, investir dinheiro em imobiliário, pagar os meus impostos, fazer todas aquelas
pequenas coisas que nos enchem a vida. Ia ser precisamente como o mundo queria
que eu fosse, um rapaz respeitável, um jovem empreendedor e um adulto conceituado.”
“Repara – disse ela virando-se para o salão -, só é preciso
compreenderes como funcionam as poessoas para ultrapassares isso. Daqui vê-se o
salão todo, olha bem para as pessoas e para a maneira como manipula a sua forma
de ser, com tentam passar para os outros uma certa maneira de estar. São jogos contínuos
de manipulação e de intimidação, de persuasão e de domínio do outro.”
“-Todos os homens têm um certo estatuto na sociedade,
mais alto ou mais baixo, consoante o emprego que têm ou o dinheiro que ganham,
mas na cama são todos iguais, o patrão e o empregado, o engenheiro e o
pedreiro. Digo-te isto por experiência própria. Quando se despem, as pessoas
são todas iguais. Não as consegues distinguir.
No sentido figurado, o mundo é um grande desfile de moda
em que os modelos vão passando aquilo que a sociedade lhes diz para vestirem.
Muitas vezes, nem em casa com a família tiram a roupa, às vezes, nem no quarto
com a sua mulher. Às vezes só com alguém que eles não têm qualquer ligação no
dia-a-dia é que conseguem ser autênticos.”
“-Tu só ouviste a Verdade que estava dentro de ti. Apesar
de nos poderem dizer o que quer que seja, nunca escutamos senão a nossa própria
voz. Não foram as minhas palavras que mudaram, mas a tua disposição á mudança.”
“-Eu nasci a dormir mas acordei, e temos a obrigação de
acordar todos os homens do mundo inteiro, e se a gente não acorda é que é uma
porra…”
“Conhecer o caminho é diferente de o percorrer”
“As melhores coisas são tão simples que nem se podem
explicar”
“Gostava de encontrar alguém que fosse a minha
companheira em tudo. Que risse das mesmas piadas, que sentisse a mesma vontade
de se descobrir constantemente, que quisesse encontrar o caminho para a sua
vida, como eu quero.”
“Chega uma altura na nossa vida em que, por mais voltas
que demos, nada nos satisfaz. Onde quer que vamos e o que quer que façamos,
nunca conseguimos encontrar nada que nos realize. Percebemos que tudo isto é
uma grande ilusão e que, a maior parte das vezes andamos a fazer coisas sem
sentido nenhum e que não servem para nada.”
“As palavras são algo muito esquisito. Muito raramente
conseguimos dizer aquelas que realmente devem ser ditas.”
“Tendo em conta a liberdade que possui, cabe a cada um
escolher como são os seus dias. E assumir a responsabilidade por isso.”
FATifer
domingo, 20 de julho de 2014
Monólogo de mim… XIX
Julguei um dia que estava apaixonado e estaria… mas
perdi-a como se pode perder o que nunca foi nosso. Perdi aquela sensação… como
que tudo só tem um objectivo. Não foi fácil perdê-la mas perdi, agora apenas
finjo que ainda quero encontrar algo assim de novo, só para não dizer que
desisti. Por vezes perco-me deste objectivo de não ter objectivo mas a vida
encarrega-se de me lembrar que é melhor assim…
FATifer
quinta-feira, 17 de julho de 2014
Quem és tu? II
Por mais que não te conheça gosto de ti.
Por mais que por momentos pareça que te veja, foges de
mim.
Por mais que finja não procurar gostava de te encontrar.
Quem és tu?
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