terça-feira, 23 de setembro de 2014

Crónica motociclista VIII

O dia acordou farrusco, com nevoeiro, o chão estava molhado mas a secar. Assim sendo enquanto me dirigia à garagem decidi que não vestiria as calças de chuva, as capas das botas seriam “protecção” suficiente. Pelo caminho tudo normal mas nota-se que ainda não se habituaram à chuva senão talvez não estivesse uma rapariga nova fora do carro enfiado de frente no rail no acesso à 2ª circular. Sigo e lá vou por entre os carros (sei que não devia mas para ir na fila não andava de moto). Olho o retrovisor uma moto está a aproximar-se de mim. Ficou muito perto, deve estar com pressa. Desviei-me e deixei passar. Olho para o serpentar, vai depressa demais, a mexer-se demais… pode não correr bem… tinha acabado de o pensar e… bum! Vejo a moto no chão! Impressionante! Um Porsche Cayenne não o viu e fez menção de mudar de faixa... nem percebi se lhe bateu mas o que é facto é que foi ao chão… levanta-se com esforço, olha a moto. O condutor do Porsche Cayenne e de outro carro que também parou, pergunta-lhe se está bem, expira e franze a cara… Parece que vai correr bem e eu não tenho tempo para ficar a ver o resto de cena que já estou atrasado. Sigo o meu caminho lembrando-me que já estive no lugar dele…


FATifer

sábado, 20 de setembro de 2014

Monólogo de mim… XX

Abri a bolinha de pão e vejo um smile… o pão era mesmo redondo e caprichosamente havia um risco concêntrico com a borda em metade e uns pontos perdidos no lado oposto… Recordando este episódio matinal, sobre o qual só agora me apeteceu escrever, penso no como muito do que vemos é na verdade o que queremos ver, outra pessoa olhava e veria apenas pão… já escrevi sobre a diferença entre “olhar” e “ver” mas quantas vezes nos damos ao trabalho de tomar consciência desta diferença? Quantas vezes não “vemos” algo que afinal não estava lá?
Ando demasiado pensativo, até para mim… devia desligar mas continuo a não encontrar o botão de “off” (ou será que não quero encontrar, por medo ou preguiça?).
Deixo-me vaguear pelas ideias enquanto escrevo, por que funciono assim “always on” mesmo depois do vinho e do digestivo do almoço…



FATifer

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Uma questão de focagem…


A bordo do eléctrico 28 podemos ver os riscos dos vidros ou a paisagem para lá deles, é tudo uma questão de focagem. Na vida é igual ou nos focamos no que realmente interessa ou passamos o nosso tempo a ver riscos. E o que é “o que realmente interessa”? Ora essa é a questão essencial! Mas ao mesmo tempo a para a qual não há uma única resposta, aliás haverá tantas respostas como pessoas! Eu próprio, ainda vejo demasiados riscos mas já esteve pior…



FATifer

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Viagens no meu mundo… XXVI

O fim de tarde de ontem foi diferente. Há muito que não deixava que a vida me surpreendesse mas ontem deixei a porta entreaberta e a vida aproveitou. Foi bom conhecer alguém novo, conhecer melhor quem já conhecia. Os olhares trocados, o espanto pela cor dos meus olhos quando tirei os óculos escuros, a conversa a fluir naturalmente. Tudo isto me fez muito bem, elas fizeram-me muito bem! E pensar que um instante antes tinha pensado em ir embora…
O Jardim da Estrela já é um local especial para mim e ontem só ganhou mais força essa sensação. Domingo costuma ser um dia de melancolia para mim mas ontem não, ontem deixei que a vida me trouxesse algo de novo e gostei do que ela me ofereceu! Agora é continuar descobrir…



FATifer

terça-feira, 29 de julho de 2014

Ontem acabei de ler… XI


Comprei este livro apenas porque o título me pareceu sugestivo. Foi uma boa surpresa. Não é uma obra literária de profundidade inigualável mas também não acredito que fosse essa a intenção do autor. Lê-se bem mas não deixa de fazer pensar. Deixo-vos algumas passagens que tiveram esse efeito em mim:

“Fiquei a pensar em quantas pessoas fazem o mesmo nas suas vidas. Deixam que a televisão ocupe o espaço que deveria se do pensamento e do olhar interior. Tudo pelo medo que têm do silêncio e da solidão. O silêncio faz-nos pensar na nossa vida e, quando olhamos para o nosso estado de ser, facilmente entramos numa profunda solidão. É isso que todos tentam esquecer. Não querem sofrer, só que não percebem que estão a deitar fora tudo aquilo que são verdadeiramente e a deixarem-se viver numa grade ilusão.”

“Não são precisas razões quando já não existem sonhos!”

“Não ia, nem por nada, deitar fora aquela oportunidade que me deixava feliz. Estava farto de ser diferente. Ia ser igualzinho a toda a gente, ter ambição, sede de prestígio, um carro, uma televisão, um microndas, frequentar o cinema ao fim-de-semana, ter um seguro de vida, torcer por uma equipa de futebol, investir dinheiro em imobiliário, pagar os meus impostos, fazer todas aquelas pequenas coisas que nos enchem a vida. Ia ser precisamente como o mundo queria que eu fosse, um rapaz respeitável, um jovem empreendedor e um adulto conceituado.”

“Repara – disse ela virando-se para o salão -, só é preciso compreenderes como funcionam as poessoas para ultrapassares isso. Daqui vê-se o salão todo, olha bem para as pessoas e para a maneira como manipula a sua forma de ser, com tentam passar para os outros uma certa maneira de estar. São jogos contínuos de manipulação e de intimidação, de persuasão e de domínio do outro.”

“-Todos os homens têm um certo estatuto na sociedade, mais alto ou mais baixo, consoante o emprego que têm ou o dinheiro que ganham, mas na cama são todos iguais, o patrão e o empregado, o engenheiro e o pedreiro. Digo-te isto por experiência própria. Quando se despem, as pessoas são todas iguais. Não as consegues distinguir.
No sentido figurado, o mundo é um grande desfile de moda em que os modelos vão passando aquilo que a sociedade lhes diz para vestirem. Muitas vezes, nem em casa com a família tiram a roupa, às vezes, nem no quarto com a sua mulher. Às vezes só com alguém que eles não têm qualquer ligação no dia-a-dia é que conseguem ser autênticos.”

“-Tu só ouviste a Verdade que estava dentro de ti. Apesar de nos poderem dizer o que quer que seja, nunca escutamos senão a nossa própria voz. Não foram as minhas palavras que mudaram, mas a tua disposição á mudança.”

“-Eu nasci a dormir mas acordei, e temos a obrigação de acordar todos os homens do mundo inteiro, e se a gente não acorda é que é uma porra…”

“Conhecer o caminho é diferente de o percorrer”

“As melhores coisas são tão simples que nem se podem explicar”

“Gostava de encontrar alguém que fosse a minha companheira em tudo. Que risse das mesmas piadas, que sentisse a mesma vontade de se descobrir constantemente, que quisesse encontrar o caminho para a sua vida, como eu quero.”

“Chega uma altura na nossa vida em que, por mais voltas que demos, nada nos satisfaz. Onde quer que vamos e o que quer que façamos, nunca conseguimos encontrar nada que nos realize. Percebemos que tudo isto é uma grande ilusão e que, a maior parte das vezes andamos a fazer coisas sem sentido nenhum e que não servem para nada.”

“As palavras são algo muito esquisito. Muito raramente conseguimos dizer aquelas que realmente devem ser ditas.”

“Tendo em conta a liberdade que possui, cabe a cada um escolher como são os seus dias. E assumir a responsabilidade por isso.”



FATifer

domingo, 20 de julho de 2014

Monólogo de mim… XIX

Julguei um dia que estava apaixonado e estaria… mas perdi-a como se pode perder o que nunca foi nosso. Perdi aquela sensação… como que tudo só tem um objectivo. Não foi fácil perdê-la mas perdi, agora apenas finjo que ainda quero encontrar algo assim de novo, só para não dizer que desisti. Por vezes perco-me deste objectivo de não ter objectivo mas a vida encarrega-se de me lembrar que é melhor assim…


FATifer

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Quem és tu? II

Por mais que não te conheça gosto de ti.
Por mais que por momentos pareça que te veja, foges de mim.
Por mais que finja não procurar gostava de te encontrar.

Quem és tu?