quarta-feira, 16 de março de 2016

XXVIII

Katerina, completamente vestida com aquele fato, dirige-se novamente para o hall da sua suite. Uma vez aí segue em direcção de uma das portas laterais, aquela que agora está à sua esquerda. A pequena sala onde entra é apenas uma passagem para o elevador todo em vidro para o qual entra de seguida. Desce apreciando o luar que as nuvens voltaram a deixar brilhar. Sai para um corredor comprido com vista para a mesma cascata por cima da qual passara para chegar à suite. Ao fundo está um pórtico vermelho, como um de um templo japonês e atrás dele um portão com duas grandes portas de madeira maciça. Katerina percorre o corredor desprezando a paisagem olhando fixamente o pórtico. Quando o alcança pára debaixo dele, diante da porta.


- Nunca conheci a minha mãe. Os meus pais adoptivos apenas me deram uma carta que seria dela e onde me pedia desculpa porque, se estava a ler aquelas linhas ela já não estava no mundo dos vivos.
- O meu irmão estava a seu lado quando ela a escreveu. Tinhas poucos dias de vida. Ela sabia que o que aconteceu era inevitável, já tinha sido uma dádiva teres nascido.
- Ela sofreu muito?
- É melhor que não te conte, ias querer matar a mãe de Katerina e ela já está morta.
- E o meu pai, porque é que não a impediu?
- Soube tarde demais… pode não te servir de conforto mas os homens que a mataram não sofreram menos quando ele os matou. Mas mudemos de assunto que isto é uma conversa para termos quando estivermos fora daqui.
- Pois bem… então e o que fazemos para isso? Mais alguma ideia?
- … estou a pensar…
- Este complexo não tem uma oficina?
- Tem mas é do outro lado da garagem. Temos que dar a volta…
- Vamos?
- Vamos… por aqui.

Yuri e Johanna voltam para trás, passam pela cozinha e por mais um conjunto de outras salas por onde já tinham passado. Descem ao rés-do-chão e contornam a escadaria e seguem por um corredor comprido. Ao fundo deste entram por uma porta de serviço. Ao contrário das outras salas, onde ao entrarem a sala se iluminava, a sala onde entram permanece às escuras, a única luz é da luminária por cima da porta, indicando a saída. Parece ser uma sala grande.

- Estamos na oficina?
- Sim mas não estou a gostar do facto de as luzes não terem acendido.
- Era o que ia perguntar.

Yuri dirige-se ao quadro eléctrico existente ao lado esquerdo da porta. Usa um punhal para se certificar que não está armadilhado e depois abre-o. No disjuntor que acenderia as luzes está pendurado um bilhete com uma mensagem breve numa letra desenhada:

“Estou à vossa espera na sala de treino de Katerina”

Yuri fecha o quadro eléctrico. A sala ilumina-se e podem ver que todas as ferramentas estão destruídas, parecem derretidas. Yuri olha para Johanna.

- A pergunta agora é: como queres morrer, às mãos dele ou a tentar fugir?
- … não sei porquê mas nenhuma das opções me agradam…
- Compreendo-te mas…

Johanna olha Yuri e dirige-se para a porta. Ao tentar abri-la esta não mexe. Volta a olhar para Yuri.

- Parece que ele respondeu por ti…
- Como assim?
- … se esta porta está fechada presumo que a única saída é por aquela ali. Curiosamente é também o caminho mais directo para o local que nos indicou.
- Não queres experimentar aquele portão?
- Não vejo que valha a pena o esforço. Ele dá para o acesso à rua pelo que estará fechado como todas as outras portas que tentámos antes…


Johanna dirige-se ao portão. Verifica que os comandos não respondem. Pega numa vassoura com cabo de madeira e encosta-a ao portão. Ouve-se um ligeiro zumbido e as cerdas da vassoura começam a fumegar. Larga a vassoura e olha para Yuri que a espera ao pé da porta que indicara. Caminha na direcção dele. Como Yuri previra a porta está aberta. Passam por ela para um corredor de serviço por onde seguem. A meio do percurso pelo corredor ouve-se água a correr.

- Que barulho é este?
- Estamos a passar por trás da cascata.
- Cascata? Ok…

Continuam a andar. Chegam ao fim do corredor. Abrem outra porta de serviço entram na extremidade de num corredor envidraçado. À sua esquerda um elevador. À sua direita todo um corredor e ao fundo um pórtico vermelho à frente de um portão com duas grandes portas de aspecto maciço. Debaixo do pórtico está um vulto parado, de costas para eles e virado para o portão.


(continua)


FATifer

8 comentários:

  1. Caramba! Quem raio será o incréu que leva tudo à frente ehehehe

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    1. noname,

      … como perguntas sem questionar eu também não respondo (mesmo se quisesse responder não sei se conseguiria) :P

      Beijinho,
      FATifer

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  2. Respostas
    1. Meu amigo,

      Além de todas as maleitas que te afligem arranjaste alguma impressão na garganta, foi? :P

      :)

      Abraço,
      FATifer

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  3. Mais um capítulo fantástico onde o suspense se intensifica!
    Permite-me que manifeste uma impressão minha, FAT...
    Ou muito me engano ou está prestes a acontecer um temível confronto, tipo frente-a-frente, apesar do vulto se encontrar de costas!! :)
    Não vejo a hora de ver este mistério desvendado! É que é muita emoção junta; se a coisa se complica vai ser o cabo dos trabalhos...

    Beijinhos! :)


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    1. Janita,

      Ainda bem que gostaste. Vamos lá ver se tens razão…

      Beijinhos,
      FATifer

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  4. A cada capitulo que passa o suspense aumenta cada vez mais!
    Será que no próximo o mistério fica desvendado?

    Bjs :)

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    1. BM,

      Palpita-me que não será já no próximo que terás grandes respostas :P

      :)

      Beijinhos,
      FATifer

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