Quando já estava habituado (e fingia para mim próprio
estar conformado) a estar sozinho, aparece na minha vida (quase por magia)
alguém que me
obriga a colocar quase tudo em causa. Simplesmente
existir deixa de ser o estado natural. Contentar-me com sobreviver e conseguir
uns momentos com um vislumbre de felicidade deixa de ser aceitável. O ser
conformado com uma existência banal que tanto trabalho tinha dado a construir
(por ser melhor assim, tentava eu convencer-me), estilhaça-se num instante. O
instante em que, de novo, vejo que a vida pode ser algo mais que um mero lugar
onde se está. O instante em que sonhos que tinha escondido (e com tanto trabalho
me tinha convencido serem irreais), passam a ser de novo objectivos, para não
dizer certezas. E assim, de repente, volto a viver. Volto a querer estar realmente vivo.
Por mais que esteja a saborear cada momento desta viagem, volto a olhar em frente e vejo para onde quero ir. Vejo uma direcção e um
sentido. Sinto-me feliz.
Tudo isto porque, finalmente, amo (de uma
forma que não sabia ser possível) alguém que também
me ama!
FATifer