Katerina e Yuri
conhecem os obstáculos e a melhor forma de os ultrapassar, Johanna esforça-se
para os acompanhar.
- Loirinha,
então aguentas-te?
- Até ver…
- Katerina
concentra-te, pode haver surpresas.
Yuri acabara
avisar e um dardo atravessa o corredor onde iam, mesmo à frente deles.
- De onde veio
aquilo?
- Concentra-te,
não te esqueças que ele sabe mais deste edifício do que nós.
Continuam a
ultrapassar os obstáculos com maior ou menor dificuldade. Chegam ao fim das
provas com pouco mais que uns arranhões, a maior parte dos quais sofridos por
Johanna. Katerina permanece ilesa, em boa medida devido ao fato que enverga.
- Muito bem…
aqui nos tem!
- …
O vulto de negro
não responde nem mostra qualquer reacção, permanecendo sentado. Katerina dá dois
passos em frente. Ainda estará a uns cinco passos de distância. Yuri e Johanna
permanecem à entrada do tatami.
- Então não diz
nada? Tanta insistência para nos ter aqui…
- …
- Já chega! Não
vou permitir que continue a fazer pouco de mim na minha casa!!
- Katerina!
Não!!
Katerina
dirige-se à parede do lado direito, pega no sabre japonês que está a meio de um
grupo de três pendurado num suporte levemente ornamentado. Desembainha-o e
corre em direcção ao centro do tatami. Estando a dois passos do centro, disfere
um golpe com o sabre na direcção do vulto que permanecera imóvel até ali. Instantaneamente
Katerina vê-se dois passos além do centro do tatami, despojada do sabre japonês
e de costas para o inimigo. Vira-se o mais rápido que consegue. O vulto
continua na mesma posição. Parece não se ter mexido, no entanto o sabre japonês
repousa à sua frente.
- Mas o que vem a
ser isto?!
Katerina faz
menção de recuperar o sabre japonês e ouve uma voz grave numa entoação pausada:
- Se o fizeres
nem esse teu fato tem salva, desta vez.
Katerina aborta
o movimento e olha primeiro aquele homem sentado à sua frente e depois fita
Yuri que lhe devolve um olhar de repreensão.
- Shinigami… se
chegou a nossa hora porquê tanto suspense?
O homem de negro
eleva-se e num gesto fluído arremessa um kunai na direcção da cabeça de Yuri acertando-lhe
entre os olhos. O corpo de Yuri cai inanimado. Johanna dá um pequeno passo
atrás e olha-o no chão depois olha para aquele homem todo de negro e tenta
disfarçar o facto de estar a tremer.
- Não!!!
Katerina gritara
mas desaparecera de vista.
- Conseguiram
que o fato resultasse mas se pensas que é isso que te salva… não preciso de te
ver… eu disse que não tentasses!
O vulto de negro
estendo o braço direito num gesto rápido e poderoso e mantém-no esticado. Aparenta
estar a segurar algo mas Johanna nada vê. Mexe a sua mão esquerda que aparenta
estar a ser contrariada no movimento. Faz um gesto brusca para baixo e, de
repente, aparece Katerina. É ela que ele segura pelo pescoço. Tem o fato
rasgado à frente e aparenta estar a ficar com falta de ar.
- Pare, por
favor. Já chega…
- Paro? Esta é
igual à mãe não conhece outra linguagem… achas que a mãe dela ouviu as suplicas
da tua mãe?
- Não sei mas
vai matá-la pelo que a mãe dela fez?
- Porque és
minha neta e só por isso eu vou-te explicar. Não, não vou matá-la pelo que a
mãe dela fez à tua, embora se soubesses o que foi até tu terias vontade de o
fazer. Vou matá-la por tudo o que ela fez neste mundo. Vou matá-la porque é
filha do pai dela, infelizmente teu também. Vou matá-la porque me apetece…
Num gesto
desesperado Katerina tenta alcançar, com a mão direita, uma lâmina que tem escondida
no antebraço esquerdo, enquanto a mão esquerda tenta contrariar a força daquela
mão que a sufoca.
- Queres isto?
Então toma!
O homem de negro
retirara a lâmina do antebraço de Katerina cravara-a no seu peito e lançara–la em
direcção à parede com uma violência tal que ficara espetada numa lança.
- Acabou?...
- Não minha neta,
faltas tu…
- Eu? Mas porquê?
- Porque sim…
porque és filha do teu pai e não posso permitir que os genes dele perdurem.
- Yuri tinha
razão…
- Não faças essa
cara… Não te vou conseguir explicar, nem sei se quero. Sou assim, porque posso.
Farei o que faço até que alguém me impeça. E só há uma maneira de me impedir,
fazer-me a mim o que eu faço. Não há um propósito maior, uma ideologia. Apenas
ajo consoante o que me parece bem, só para não dizer logo: porque me apetece. Monstro?
Para alguns talvez. Para outros apenas livre. Só porque aceitaste todas as
correntes que te impuseram, deverias conceber que poderá haver quem não esteja
disposto a cumprir essas regras todas, mesmo que as aches “obrigatórias”. Faço
o que muitos apenas pensam…
Fim
FATifer