Johanna olha as
fotos. Reconhece fotos das vítimas do último caso que investigara com Pedro e
espanta-se ao ver as fotos do caso actual. “Como é que Pedro teria tido acesso
a elas?”, pensa. Não sabia qual era a ocupação actual de Pedro mas tinha ido
ter com eles à cena do crime... Continua a procurar. Se Pedro lhe tinha dado
acesso a esta informação algo de relevante ela deveria conter. Quem sabe,
talvez até pistas quanto ao seu assassino! Por momentos, recorda a imagem do seu
corpo inanimado e duas lágrimas escorrem-lhe pelas faces. Tenta recompor-se
investigando o conteúdo de uma das pastas intitulada “Shinigami”. Depara-se com
um conjunto de imagens de corpos em avançado estado de decomposição que lhe
fazem lembrar as imagens que Martinho lhe tinha mostrado daquele homem
encontrado num beco. Lembra-se das primeiras palavras que alguma vez ouvira
Pedro dizer: “…não há coincidências!”. Por momentos permite-se recordar a cena.
Estava no gabinete do director da esquadra a
apresentar-se ao serviço no dia em que havia sido promovida a detective.
Contava como no dia anterior tinha salvo uma senhora de ser atropelada por um
carro e Pedro entra na sala
- Johanna McGill, Pedro Castro, o seu parceiro.
- Que coincidência, o apelido da senhora que lhe contava
também era Castro!
- … não há coincidências! Foi a minha mãe que a Johanna
salvou e por isso solicitei que fosse minha parceira.
Johanna não respondera. Correspondera apenas ao aperto de
mão de Pedro, tendo ficado impressionada com a firmeza do mesmo.
Muda de pasta. Agora está a olhar para um
conjunto de fotos de vários prédios com ar abandonado em várias áreas na
cidade. Fecha a pasta. Um “icon” chama-lhe a atenção. Carrega nele e fica a ver
imagens de vídeo que lhe parecem algo familiares. Parecem ser em directo.
Quando vê a cara de Vieira as suas dúvidas dissipam-se, o que está a ver é a
imagem em tempo real de uma câmara que o Pedro tinha no colete que tinha
vestido! Pega no telemóvel e liga a Martinho.
- Sim? Johanna?
- Sim, sou eu Martinho, estás no armazém?
- Sim.
- Vai até junto ao corpo do Pedro, por
favor.
- Mas Johanna…
como assim?
- Vai até ao pé
da equipe forense por favor, Martinho!
- Ok, estou a ir
mas…
- Não é possível!!
- O quê? O que é
que não é possível?
- Estou a ver-te
Marinho!
- Estás a
ver-me? Agora é que me baralhaste por completo!
- Olha para o
ombro direito do Pedro. Vês algo que possa parecer-se com uma câmara?
- Vejo uma
bolinha mas estás a dizer que isto é uma câmara e que me estás a ver através
dela, é isso?
- Sim… é isso
mesmo!
- Johanna… que
conversa é essa? Onde é que tu estás?
- Agora não te
posso explicar mas se ele tem uma câmara pode ser que tenha gravado o que
aconteceu… vou procurar… adeus Martinho, eu volto a ligar.
- O quê?
Johanna?!
Johanna havia
desligado e Martinho não tinha percebido metade do que acontecera. Vieira
olha-o como que esperando que ele explicasse o que estava ali a fazer.
- Vieira, achas
que isto pode ser uma câmara?
- Pode ser…
- A Johanna
disse que me estava a ver…
- Se a menina
disse…
- Ok Vieira,
desculpe a interrupção. Continuem mas tenham cuidado com esse colete, pode ser
que tenha outras surpresas.
Martinho volta a
afastar-se ainda a tentar perceber a conversa com Johanna.
- Tenente
Martins.
- Sim detective?
- Mostre-me lá
esse Trans Am, por favor.
- Venha comigo
Detective.
Desceram por outra escadaria mais perto das
traseiras do armazém. Nela estava um elemento da equipa forense a documentar
uma marca fresca de sangue numa das paredes. Chegado ao rés-do-chão saíram por
uma porta nas traseiras, a qual também tinha uma marca de sangue. O carro
estava, como descrito, num estado que deixaria qualquer amante de automóveis entristecido.
Parecia que não havia parte carroceria que não tivesse uma amolgadela. Os
faróis estavam partidos. De noite como teria chegado até ali?
(continua)
FATifer