Talvez seja influência da “silly season”
mas hoje decidi armar-me em engraçado. Aviso logo para não ficarem com aquela
cara de “este está a gozar comigo” ao acabarem de ler. Sim, estou e começo logo
por avisar (os mais atentos concluirão que nem na etiqueta tento iludir).
Como já vários comediantes e afins
afirmaram não é fácil sê-lo neste país, onde a vida (dita “real”) parece uma
comédia mesmo que seja apenas da forma como olhamos para a tragédia grega que por
vezes se vislumbra (onde é que está a piada já estão os mais distraídos a
perguntar?). Qualquer coisa que acontece é fácil e rapidamente traduzida numa
piada pelo “tuga”. O triste é que transformar em piada parece ser a única acção
que tomamos, quase que diria para não termos de fazer mais nada. Depois não é
de estranhar que os políticos gozem com a nossa cara, afinal nós é que
começámos o jogo… e quem diz os políticos, dirá os banqueiros, os magistrados,
boa parte dos empresários, enfim, todos aqueles que, em teoria, deveriam fazer
para que este país prosperasse (era uma piada, não teve? Eu avisei).
Eu avisei que ia armar-me em engraçado o
que na realidade significa que não vou ter graça nenhuma. Poucos são aqueles
que conseguem, com a constatação do óbvio (para eles), provocar o riso nos
outros… e no entanto neste país (para não dizer neste planeta) há tantos que
até parece que o que acabei de afirmar é falso (talvez devesse ter usado outro tempo
verbal).
E vou parar por aqui pois entre os que
consegui colocar mais deprimidos e os que me querem bater por terem perdido o
seu tempo a ler isto mesmo depois do meu aviso, poucos terão sido os sorrisos
que causei (isto assumindo que haverá assim muitos pares de olhos a passar por
estas linhas – “armar-me em engraçado” lembram-se?)
FATifer