sábado, 25 de abril de 2015

O Estranho Caso da Chave Saltitona – Cap. XVIII*


Prólogo - Xilre
Capítulo I - Calma com o andor
Capítulo II - Dúvidas Cor de Rosa
Capítulo III - A Mais Picante
Capítulo IV - Mirone
Capítulo V - Pasme-se quem puder
Capítulo VI - A Uva Passa
Capítulo VII - Kiss and Make Up
Capítulo VIII - Amor Autista
Capítulo IX - Talqualmenteoutro
Capítulo X - Linda Porca
Capítulo XI - Sister V
Capítulo XII - A elasticidade do tempo
Capítulo XIII – A vez da Maria
Capítulo XIV - Teias de Folhas de Papel
Capítulo XV - Imprópria para consumo
Capitulo XVI – O que me der na telha
Capitulo XVII – Beijo Molhado



… à media que recupera todos os sentidos sente os braços presos atrás das costas e os tornozelos também presos nas pernas da frente da cadeira onde está sentado. Olha em volta., vê quatro paredes que emanam uma escuridão apenas quebrada pela a pouca luz trémula de uma lâmpada pendurada acima de si. Estará de costas para a porta que dificilmente consegue distinguir até porque no movimento o pescoço dorido dá sinal que a posição é desconfortável. Tenta mexer-se, levantar-se mas apercebe-se que a cadeira está fixa ao chão e puxar só faz os atilhos plásticos nos pulsos e tornozelos ficarem mais justos.

- … onde é que tu estava no 25 Abril?

Olha em volta, de onde vem aquela voz?

- … não existias, não é?... a pergunta que te deves fazer é se queres voltar para esse estado?

Pestaneja e volta a percorrer o espaço que o rodeia à procura da proveniência da voz que parece vir de todo o lado. Sente o coração acelerar cada vez mais por mais que se tente manter calmo.

Ouve a porta atrás de si abrir e fechar com um ranger metálico. Ouve passos de saltos.

- E então vais colaborar?

A voz é a mesma mas perdeu um certo timbre metálico ganhando uma sensualidade que contrasta com a ameaça latente da pergunta.

- Vais dizer-me como usar a chave, não vais João?

A pergunta provoca um turbilhão de memórias. Recorda como tinha sido atingido pelo poste de um cartaz à porta da dependência bancária em Xabregas o que fez com que fosse levado para dentro e permitisse cumprir os seus intentos. Relembra a cara de espanto da estagiária que o atendeu, por pensar tratar-se de uma brincadeira dos colegas, as instruções de acesso que tinha para o deixar entrar na sala onde estavam os cofres. Verdade seja dita que ele também estranhou o que leu no cartão que acompanhava a chave recuperados do soalho da sala de Jorge de Burgos:

“Será confirmado que não tens a tatuagem na nádega esquerda e depois terás de dizer a senha: “Venho em nome de Balião, o antigo”.”

Vê de novo a cara corada da moça ao ler o papel e ao vê-lo desapertar o cinto baixar as calças e mostrar o rabiosque. Dita senha ela indicou o cofre colocou a chave do banco rodou-a e saiu deixando-o sozinha na sala.

- João! Quais são as instruções para usar a chave?
- … instruções?...
- Não te faças de parvo vi-te queimar o papel… não te preocupes não vamos fazer mal à Maria só queremos as instruções.
- A Maria? …
- Tu não sabes no que estás metido pois não?



* Post partilhado – batata quente passada por Beijo Molhado

… à espera que continue… e continuou:


Capítulo XIX – A miúda com pêlo na venta
Capítulo XX – Now I Have a Mustache

FATifer

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Até filmei…

Pois é fui ver mais um concerto dos XXL Blues e deu-me para isto:






FATifer

PS – claro que sem o tratamento de imagem daquele que está ali no palco a cantar não sei se veria grande coisa….

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Ontem acabei de ler… XV



Gostei mas sou suspeito porque por várias vezes já afirmei que gosto do estilo de escrita do autor que tenho a honra de poder tratar por meu amigo. Ficam alguns dos muitos excertos que sublinhei:

“Odeio cidades. Devia viver num monte Alentejano ou assim. Nunca há paz, nunca há sossego e toda gente corre para todo o lado. Mas francamente acho que já poucas pessoas sabem porque correm. Limitam-se a correr, percebes? Já não têm objectivos, mas continuam a correr. Chegam a qualquer lado e têm sempre pressa”

“É curioso o quanto gostamos de nos pensar superiores e depois, quando vamos a ver bem, pouco evoluímos em relação a insectos como as formigas e as abelhas. Estruturas sociais altamente complexas em que cada um tem a sua função e deve saber o seu lugar. E é bom que assim seja. Elimina-se a necessidade de pensar.”

“A liberdade é a maior das ilusões e quem se julga livre vive iludido.”

“Sabes acho que o tempo só nos aflige porque põe em perspectiva a nossa própria mortalidade, a nossa finitude faz cair sobre nós as dúvidas sobre o que há depois do fim, se é que há alguma coisa. Se calhar vem daí a nossa pressa em fazer tudo.”

“Parece que toda a gente anda completamente agarrada e obcecada pelo corpo, como se o corpo em si fosse algo mais que uma ferramenta para o cérebro. As pessoas, em vez de se preocuparem coma a aparência, com a idade, com o aspecto, ou seja basicamente com tudo aquilo que demonstram aos outros deviam preocupar-se em alimentar o cérebro. Se calhar se o fizessem não precisariam tando de demonstrar algo que não são, seriam apreciadas por aquilo que são na realidade e não andariam tão esfomeadas de lago que nem sabem o que é”

“Quando vejo alguém demasiado produzido, seja homem ou mulher, sei logo à partida que essa pessoa é insegura.
E depois já reparaste que há aquelas pessoas que passam por ti na rua, não se veste segundo a moda, não se produzem, e no entanto parece que, na sua simplicidade, Têm algo que que chama a atenção, que torna impossível não olhares? Essas são pessoas seguras de si próprias. Não precisam de artifícios para se mostrarem a ninguém.”

“Sem dúvida a mais viciante e poderosa das drogas é o dinheiro.”

“É curioso, mas apercebi-me que há uma estranha liberdade no facto de te aperceberes que não tens liberdade. Parece um contra-senso não é? Mas do meu ponto de vista até não é. Sabes, quando te pensas livre acabas por ter de lidar com a responsabilidade dos teus actos. Consequentemente com a culpa dos teus erros e com a alegria das tuas vitórias. Mas se não és livre não tens responsabilidade de nada, logo não há alegria na vitória, mas também não há culpa. As vitórias são de outrem, mas as culpas também. Apenas te limitas a cumprir uma função. E apercebi-me de que há nisto um desprendimento tão grande que liberta mais que a liberdade de escolha.”

“Ora eu enquanto cidadão sou automaticamente político, porque tenho no dia-a-dia de tomar opções políticas.”


FATifer

PS – nota para o autor: Não citei passagens logo do início não vá um certo editor ter razão mas no meu caso não tem, porque concordo e revejo-me no que afirmas.

Espero não ter citado demais….

terça-feira, 7 de abril de 2015

Crónica motociclista X

A minha menina (moto) maior já está com 146307 km pelo que hoje lá ficou de novo no mecânico para uns miminhos. Ora ao contrário do costume e de forma imprevista, não estava disponível a moto de substituição, conclusão tive de voltar para casa de scooter. O que posso dizer?... talvez usar as palavras do “meu” mecânico: “estás de castigo!”. Sim para aqueles que gostam de carros, o paralelismo será conduzir um com mudanças automáticas… tem alguma piada? (não estou a falar daqueles casos especiais que até pode ter). Numa scooter há ainda um elemento (perigo) adicional, o facto de não nos podermos esquecer que a manete esquerda é o travão traseiro (como numa bicicleta) e não a embraiagem, como numa moto!
Cheguei vivo a casa mas ainda terei de fazer a viagem de volta, quando a menina (moto) estiver pronta, desejem-me sorte!


FATifer